12/05/2010

" Cinzas "







Cinzas... Poeira que ardeu, que arrefece e que esfria...

Cinzas... Que em tênue bloco um milagre sustenta,

e o vento desmorona e rola em tropelia


e anônimas desfaz na terra pardacenta...





Restos do que brilhou da vida na tormenta:


cinzas, que sois como eu, labareda vazia,


guardais no corpo inane do que ardia,


mas no âmago gelado a morte se apascenta.



Cinzas... Nesse conjunto em que esta alma se espelha

vejo a ruína do fogo, a escória da centelha,

o cadáver da luz que o vento leva a esmo.




 
E eu, neste coração que em cinzas se esboroa,

- cinzas das ilusões - sinto levado, à toa,

o cadáver do amor que jaz dentro de mim mesmo...
*
Carlos Porto Carreiro (1865 / 1932)


Um comentário:

Fernanda disse...

Olá, amei seu blog.Poemas, sempre traduzem em palavras os pensamentos aturdidos.Adorei seu post, obrigada pelo interesse no scrapbook.Você pode fazer uma aula quando quiser.
Caso ache melhor me ligar, pode pegar o telefone com o edu, terei o maior prazer em falar com você.
bjos fernanda