29/03/2009

Acaso

"Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e uma não substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só nem nos deixa só. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada.Essa é a maior responsabilidade de nossa vida, e a prova de que duas almas não se encontram por acaso. "
Antoine de Saint-Éxupéry

28/03/2009

Os quatro cavaleiros do Apocalipse


Dirigida pelo grande diretor Vincent Minelli.
Minha nota: *** (assisti na minha adolescência, mas ainda me recordo).

26/03/2009

Não passou

Não passou

Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.
Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão- a tua mão, nossas mãos
-rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?
Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta,
passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.

Carlos Drummond de Andrade

23/03/2009

Resíduo

(...) Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo

no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,retrato.
(...) E de tudo fica um pouco.

Oh abre os vidros de loção e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Carlos Drummond de Andrade

22/03/2009

...E o vento levou (Gone With The Wind 1939)

Uma reunião social acontece numa grande plantação na Georgia, Tara, cujo dono é Gerald O'Hara (Thomas Mitchell), um imigrante irlandês. Na mansão está Scarlett (Vivien Leigh), sua bela e teimosa filha adolescente. Os gêmeos Tarleton, Brent (Fred Crane) e Stuart (George Reeves), imploram para serem seus acompanhantes num churrasco, que haverá em Twelve Oaks, uma plantação vizinha. Scarlett flerta com eles enquanto tenta obter informações sobre o homem que ama obsessivamente, Ashley Wilkes (Leslie Howard), o primogênito do patriarca de Twelve Oaks, John Wilkes (Howard C. Hickman). Ela ouve algo que a desagrada muito: Ashley está comprometido, o que depois é confirmado por seu pai. Scarlett acha a vida em Tara monótona, mas seu pai diz que Tara é uma herança inestimável, pois só a terra é um bem que dura para sempre. Ela só pensa em Ashley, assim usa seu mais belo vestido para ir ao churrasco, revelando um inapropriado comportamento para um compromisso diurno, apesar das objeções de Mammy (Hattie McDowell), sua protetora escrava. Em Twelve, Oaks Scarlett é o centro das atenções, em razão dos vários pretendentes que pairam sobre ela, mas nenhum deles é Ashley. Mais tarde, Scarlett ouve os cavalheiros discutindo acaloradamente sobre a guerra eminente que acontecerá entre o Norte e o Sul, crendo que derrotarão em meses os ianques. Só Rhett Buttler (Clarrk Gable), um aventureiro que tem o hábito de ser franco, não concorda com estas declarações movidas mais pelo orgulho do que pela lógica. Ele diz que não há nenhuma fábrica de canhões no sul e afirma que os ianques estão melhor equipados e têm fábricas, estaleiros, minas de carvão e podem matar os sulistas de fome, pois têm o domínio dos portos, enquanto os sulistas só têm algodão, escravos e arrogância. Um jovem, Charles Hamilton (Rand Brooks), sentindo-se insultado, tenta desafiar Rhett para um duelo, mas ele se esquiva, mesmo sabendo que o derrotaria facilmente, e se retira. Ashley tenta ir ao seu encontro para acompanhá-lo, pois Rhett é um convidado, mas é detido por Scarlett, que quer falar com ele. Os dois vão até a biblioteca e ela fala para Ashley que o ama profundamente. Isto só faz ele lhe dizer que está noivo da prima dela, Melanie Hamilton (Olivia de Havilland). Ashley diz que ama Melanie, entretanto admite que ama Scarlett fraternalmente. Ela fica ainda mais irritada e esbofeteia Ashley, que deixa a biblioteca. Ela então lança um vaso contra a lareira e descobre que atrás de um sofá havia uma outra pessoa, Rhett. Quando Scarlett lhe diz que não é um cavalheiro, Rhett retruca dizendo que ela não é uma dama, mas é claro que Rhett ficou atraído pela beleza de Scarlett. Em Twelve Oaks chega um cavaleiro, para dizer que a guerra começou. Os homens exultam e Charles vai dizer a Scarlett que a guerra foi declarada, com todos os homens indo se alistar. Enquanto via Ashley se despedir de Melanie, Scarlett ouve Charles lhe pedir em casamento. Movida pela mágoa, ela aceita e diz que quer casar antes que ele parta. Assim Melanie e Ashley se casam em um dia e no seguinte Scarlett se casa com Charles, apesar de não sentir nenhuma atração ou amor por ele. O que Scarlett desconhecia é que o futuro lhe reservava dias muito mais amargos, pois durante a Guerra Civil Americana várias fortunas e famílias seriam destruídas.
"...E o vento levou" recebeu 10 Oscars: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Vivien Leigh), Melhor Atriz Coadjuvante (Hattie McDaniel), Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia Colorida, Melhor Edição e Melhor Roteiro, além um Oscar honorário para William Cameron Menzies e um Oscar técnico, para Don Musgrave.
Recebeu, ainda, outras 5 indicações ao Oscar: Melhor Ator (Clark Gable), Melhor Atriz Coadjuvante (Olivia de Havilland), Melhor Som, Melhor Trilha Sonora e Melhores Efeitos Especiais.
Minha nota: *****

http://www.youtube.com/watch?v=vBRAKnfIO-g


Dois Caminhos...

"Dois Caminhos... "

Eu queria te dar minha emoção mais pura,
associar-te ao meu sonho e dividir contigo
migalha por migalha, o pouco de ventura
que pudesse colher no caminho onde sigo...

E esse estranho desejo em que se desfigura
a palavra de amor e pureza que eu digo,
- e queria te dar essa minha ternura
que às vezes, por trair-se ao teu olhar, maldigo...

Bem que eu quis te ofertar meu destino, meu sonho,
minha vida, e até mesmo esta efêmera glória
que desperdiço a cantar nos versos que componho...

Nada quiseste... E assim, os sonhos que viviam,
se ontem, puderam ser um começo de história,
hoje, são dois caminhos que se distanciam...”

Soneto de J. G. de Araújo Jorge , da coletânea "Meus Sonetos de Amor ", 1a edição,1961.

21/03/2009

“Primeiro Amor”

“Primeiro Amor”

Quando te vi naquela tarde eu era
uma criança, talvez - tinha quinze anos;
- não sabia, da vida, os desenganos
que à nossa frente vão ficando à espera...
Estava no esplendor da primavera
e num mar de ilusões erguia planos...
No peito, não guardava estes profanos
sentimentos, que o mundo aos poucos, gera...
Foi assim que te vi... e então julgava
que a vida era melhor do que eu pensava
e me sentia mais feliz que um rei...
Mas um dia... Não sei por que... Partiste...
- E eu que era alegre, me tornei triste
e a tristeza em meus versos transbordei !”

Poema de J. G. de Araújo Jorge, do livro “Meu céu Interior”, 1934.


"O amor jamais acaba..."

20/03/2009

Rocambole Mesclado


Créditos: Revista Claudia, Ed. Abril.

19/03/2009

"Como eu te amo?"

"Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh'alma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada.

Amo-te em cada dia, hora e segundo:
À luz do Sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.

Amo-te com o doer das velhas penas;
Com sorrisos, com lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingênua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas.
Por toda a vida. E, assim Deus o quiser,
Ainda mais te amarei depois da morte."

Elizabeth Barret Browning, tradução de Manuel Bandeira.

18/03/2009

Antes de partir (The Bucket List - 2007, 97 minutos)


Dirigido por Rob Reiner, este filme traz Morgan Freeman como Carter Chambers, um homem negro, casado, pai e avô, e que há 46 anos trabalha como mecânico. Internado num hospital para um tratamento experimental para combater o câncer, ele passa a ter como companheiro de quarto Edward Cole (Jack Nicholson), o solitário e rico empresário dono do próprio hospital e que também está com câncer.Após uma cirurgia, Edward descobre que tem poucos meses de vida, o mesmo acontecendo com Carter. Carter decide escrever a "lista da bota", algo que seu professor de filosofia passou como trabalho muitas décadas atrás, e que consiste em desejos que possam ser realizados antes de sua morte. Então, Edward acrescenta alguns itens à lista e propõe que eles a realizem juntos, viajando pelo mundo para aproveitar seus últimos meses de vida.
Minha nota: *****
Site Oficial: www.antesdepartir.com.br

17/03/2009

BALA DE CAFÉ

BALA DE CAFÉ
Ingredientes:

1 copo de café forte
3 copos de açúcar
1 copo de leite
3 colheres (sopa) de mel
1 gema
1 colher (sopa) de margarina
1 colher de farinha de trigo
Modo de preparo:
Misture os ingredientes e leve ao fogo até dar o ponto de bala (ponto de fio). Deixe esfriar e corte em quadradinhos e enrole em papel celofane (somente no dia seguinte).

16/03/2009

O AUTO-RETRATO


No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!
Mário Quintana

14/03/2009

"Olhai os lírios dos campos..."


"Uma noite me disseste que Deus não existia porque em mais de vinte anos de vida não O pudeste encontrar. Pois até nisso se manifesta a magia de Deus. Um ser que existe mas é invisível para uns, mal e mal perceptível para outros e duma nitidez maravilhosa para os que nasceram simples ou adquiriram simplicidade por meio do sofrimento ou duma funda compreensão da vida. Dia virá em que em alguma volta de teu caminho há de encontrar Deus. Um amigo meu, que se dizia ateu, nas noites de tormenta desafiava Deus, gritava para as nuvens, provocando o raio. Deus é tão poderoso que está presente até nos pensamentos dos que dizem não acreditar na sua existência. Nunca encontrei um ateu sereno. Eles se preocupam tanto com Deus como o melhor dos deístas.O argumento mais fraco que tenho contra o ateísmo é que ele é absolutamente inútil e estéril; não constrói nada, não explica nada, não leva a coisa nenhuma.

...

Estive pensando muito na fúria cega com que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época.Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles?Quero que abra os olhos, Eugênio, que acorde enquanto é tempo. Peço-te que pegues a minha Bíblia que está na estante de livros, perto do rádio, leias apenas o Sermão da Montanha. Não te será difícil achar, pois a página está marcada com uma tira de papel. Os homens deviam ler e meditar esse trecho, principalmente no ponto em que Jesus nos fala dos lírios do campo que não trabalham nem fiam, e no entanto nem Salomão em toda sua glória jamais se vestiu como um deles.Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da renúncia, ou que ache que o povo devia viver narcotizado pela esperança da felicidade na “outra vida”. Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços enquanto os aproveitadores sem escrúpulos engendram os monopólios ambiciosos, as guerras e as intrigas cruéis. Temos de fazer-lhes frente. É indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da violência e sim com as do amor e da persuasão. Considera a vida de Jesus. Ele foi antes de tudo um homem de ação e não um puro contemplativo.Quando falo em conquista, quero dizer a conquista duma situação decente para todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de cooperação.E quando falo em aceitar a vida não me refiro à aceitação resignada e passiva de todas as desigualdades, malvadezas, absurdos e misérias do mundo. Refiro-me, sim, à aceitação da luta necessária, do sofrimento que essa luta nos trará, das horas amargas a que ela forçosamente nos há de levar. Precisamos, portanto, de criaturas de boa vontade."


Carta de Olívia para Eugênio, personagens de "Olhais os lírios dos campos", de Érico Veríssimo.


"Olhai para os lírios do campo, como eles crescem: não trabalham, nem fiam. Eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles" (Mateus 6:28-29).


Créditos da imagem: http://www.gettyimages.com/

13/03/2009

Cantando na chuva




Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen) são dois dos astros mais famosos da época do cinema mudo em Hollywood. Seus filmes são um verdadeiro sucesso de público e as revistas inclusive apostam num relacionamento mais íntimo entre os dois, o que não existe na realidade. Mas uma novidade no mundo do cinema chega para mudar totalmente a situação de ambos no mundo da fama: o cinema falado, que logo se torna a nova moda entre os espectadores. Decidido a produzir um filme falado com o casal mais famoso do momento, Don e Lina precisam entretanto superar as dificuldades do novo método de se fazer cinema, para conseguir manter a fama conquistada. (www.adorocinema.com)

http://www.youtube.com/watch?v=rmCpOKtN8ME&feature=related

12/03/2009

Gosto de ti

Gosto de ti apaixonadamente,
De ti que és a vitória, a salvação,
De ti que me trouxeste pela mão
Até ao brilho desta chama quente.

A tua linda voz de água corrente
Ensinou-me a cantar... e essa canção
Foi ritmo nos meus versos de paixão,
Foi graça no meu peito de descrente.

Bordão a amparar minha cegueira,
Da noite negra o mágico farol,
Cravos rubros a arder numa fogueira!

E eu, que era neste mundo uma vencida,
Ergo a cabeça ao alto, encaro o Sol!
- Águia real, apontas-me a subida!

*Florbela Espanca, poetisa portuguesa

11/03/2009

"A vida" /"Arroz Sofisticado" (no microondas)

" A Vida"

Gota d'água transparente
que brilha, cresce...
e que cai!
Assim a vida da gente
que num instante se vai!
A Vida, - mistério vão
sombra agora, depois luz,
- estranho traço de união
ligando um berço... a uma cuz!
A Vida - uma onda que avança
e volta, vai-vem do mar...
Quando vai, quanta esperança!
Quanta amargura, ao voltar!
A Vida - visão fugaz,
praia chã, mar que alteia,
onda que faz e desfazos seus cabelos de areia...
A Vida - ansiosa escalada
sobre a paisagem do mundo
Tanto esforço para nada
se há sempre abismo no fundo!
Às vezes penso que a vida
que há tanta gente a querer
só existe, - indefinida -
pra gente poder morrer...
Ó pobre vida suicida!
Teu destino é uma ironia
se o que chamamos de vida
é um morrer de cada dia!
Numa amizade perdida,
num amor que se desgraça,
a morte desconta a vida
a cada dia que passa!
Há uma ironia, contida
nas contigências da sorte:
- quanto mais se vive a vida
mais se avança para a morte.
Vive a vida bem vivida
e ao mais, esquece e revela,
que a gente leva da vida
a vida que a gente leva...

J.G. de Araujo Jorge (1914 / 1987 ), do livro "Trevo de Quatro Versos", 1a ed. 1964.


06/03/2009

Arroz de forno


Créditos: Malu Receitas.