Minha saudade as cousas transfigura
num estranho delírio semelhante
ao desse eterno cavaleiro-andante
paladino do sonho e da loucura:
minha saudade é fonte que murmura
e em seu cantar humilde e marulhante
mata a sede que abrasa o caminhante
só de o embalar na líquida ternura...
Minha saudade os mundos alumia
os mortos ressuscita e é um sol-nascente
dourando ainda as trevas da agonia;
minha saudade é a força misteriosa
que torna cada cousa em mim presente
e a minha dor presente em cada cousa.
Anrique Paço D’Arcos
***
(Henrique Belford Correia da Silva,
Conde de Paço D’Arcos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário