29/05/2010

Insônia

" Insônia "


À noite, quando a sós, em meu quarto, me ponho

a pensar no destino que nos quis unir,

não sei se acreditar se isso é verdade ou sonho...

- e fico horas a fio, em luta, sem dormir...

Não devia jamais na vida ter cruzado

meu caminho com o teu, e na alma, alguém me diz:

não terás o teu sonho um dia realizado

porque não poderás com ela ser feliz...


Cruel pressentimento... à noite, quando a sós

estou, na insônia inquieta que me aquece o leito,

é que julgo escutar o poder dessa voz

que vive no meu ser, no âmago do peito...



Tic-tac...Tic-tac...Tic-tac...

É o relógio a pulsar, é a minha solidão

não posso te esquecer, e dentro em mim, bem vejo

há um mundo material nessa paixão

e um pouco de pureza dentro do desejo...





Tic-tac...Tic-tac...Tic-tac...

É o tormenta das noites sem fim

quando ouço passar, segundo por segundo...
Há um relógio também a bater dentro de mim
imitando em meu peito os relógios do mundo...


Tic-tac...Tic-tac...Tic-tac...

Através a vidraça a manhã vem surgindo,

e a luz vencendo a treva enche o quadro de calma...

Após a noite escura há sempre um dia lindo,

e nunca vi surgir a aurora na minha alma...




( Poema de J. G . de Araujo Jorge

do livro "Meu Céu Interior" - 1934)

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