31/12/2009

Receita de Ano Novo

Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação
com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia, se ama,
se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha
ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar que
por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo

que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo,
eu sei que não é fácil, mas tente,
experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

30/12/2009

Dúvida (Doubt, 2008, USA, 16 anos)


O carismático padre Brendan Flynn (Philip Seymour Hoffman) tenta acabar com os rígidos costumes da escola St. Nicholas, localizada no Bronx, em plenos anos 60, mas a diretora do local é a irmã Aloysius Beauvier (Meryl Streep), que acredita no poder do medo e da disciplina, dirigindo com mãos de ferro. A escola aceitou recentemente seu primeiro aluno negro, Donald Miller (Joseph Foster), devido às mudanças políticas da época. A irmã James (Amy Adams) conta à diretora suas suspeitas sobre o padre Flynn, de que esteja dando atenção demais a Donald, o que é o suficiente para que a irmã Aloysius inicie uma cruzada moral contra o padre, tentando a qualquer custo expulsá-lo da escola, apoiada apenas na sua certeza moral.
site oficial:http://www.doubt-themovie.com/
http://movieclock.com/aw/cvpa.aw/e/189145/Doubt.html
Minha nota: ****

25/12/2009

Natal


Jesus nasceu. Na abóbada infinita

Soam cânticos vivos de alegria;

E toda a vida universal palpita

Dentro daquela pobre estrebaria...


Não houve sedas, nem cetins, nem rendas

No berço humilde em que nasceu Jesus...

Mas os pobres trouxeram oferendas

Para quem tinha de morrer na cruz.


Sobre a palha, risonho, e iluminado

Pelo luar dos olhos de Maria,

Vede o Menino-Deus, que está cercado

Dos animais da pobre estrebaria.


Nasceu entre pompas reluzentes;

Na humildade e na paz deste lugar,

Assim que abriu os olhos inocentes

Foi para os pobres seu primeiro olhar.

No entanto, os reis da terra, pecadores,

Seguindo a estrela que ao presepe os guia,

Vem cobrir de perfumes e de flores

O chão daquela pobre estrebaria.

Sobem hinos de amor ao céu profundo;

Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!

Sobre esta palha está quem salva o mundo,

Quem ama os fracos, quem perdoa o mal,

Natal! Natal! Em toda a natureza

Há sorrisos e cantos, neste dia...

Salve Deus da humildade e da pobreza

Nascido numa pobre estrebaria.

>>>

Olavo Bilac

23/12/2009

Natal


Natal...Natal... meus tempos de menino,
Tempos felizes que não voltam mais...
Missa do galo... repicar do sino...
E a casa pobre dos meus velhos pais...
.
Natal... a mocidade... o desatino...
Amores loucos, ternos madrigais...
Mulheres que dobraram meu destino...
Beijos de lacre, quentes e fatais...
.
Papai Noel! Atende ao meu pedido
Nesta noite de paz e de bonança...
Atende... pelo muito que hei sofrido...
.
E em meus sapatos põe a caridade,
De um pedaço bonito de esperança,
De um farrapo esquecido de saudade...
*****
Ciro Vieira da Cunha

22/12/2009


"Este é meu dilema: Sou apenas pó e cinzas; frágil, tendente ao desvio, um conjunto de reações pré-determinadas em minha conduta, acossado por temores, cercado por necessidades, a quintessência da poeira, que ao pó voltará.


Mas há alguma outra coisa em mim. Posso ser pó, mas pó perturbado. Pó que sonha. Pó que passa por estranhas premonições de transfiguração, de glória reservada, de destino adredemente preparado, de uma herança que um dia será minha. Desse modo, minha vida é vivida na dolorosa dialética entre as cinzas e a glória, entre a fraqueza e a transfiguração. Sou um rebelde contra mim mesmo, um enigma exasperado, esse estranho dualismo de poeira e glória." Richard Holloway

21/12/2009

" Desolação "


"Desolação "


Na profunda tristeza deste instante,

em que o irremediável

abalou a minha sorte,

na certeza de que te ausentaste definitivamente,

- eu pensei pela primeira vez na morte ...

Tudo desapareceu aos meus olhos atônitos

e eu me senti sozinho...

- já não há finalidade na minha criação

nem desejo na minha vida...

Só não abro em meu peito o coração, e o ponho na lapela

como rubra papoula em flor,

- porque sei que ainda te encontras dentro dele,

e nem mesmo a tua lembrança eu ousaria ferir

oh! meu amor!


(Poema de J. G. de Araújo Jorge,

do livroEterno Motivo)
Foto: Liz Guides

20/12/2009

Apelos

Os apelos do íntimo e os apelos da rua
como matéria de poesia, nua e crua

Diálogo sem fim
e a esmo
entre mim
e mim mesmo.

Tudo o que vi e que vivi retomo
e ao que o destino me negou
eu somo.

Afonso Félix de Souza

10/12/2009

" A Noite... e Teus Olhos..."

Ah! parece que a noite vem se aleitar
de nebulosas e de astro
sem teus fugidios.
E que teus olhos se abastecem de luz
e mistério,
nas noites profundas e consteladas...
J. G. de Araujo Jorge
(do livro"A Sós..." 1a ed. 1958 )

09/12/2009

A voz pelo telefone

Voz amiga, que me acostumei a ouvir na noite, e que me falava do amor ainda possível na terra, das viagens para o desconhecido, das mãos unidas, dos olhos mergulhados nos olhos, das fugas, das solidões profundas.
Eu ouvia sempre a voz doce, velada, calma(que às vezes se entrecortava de um soluço e rasgava uma pausa dolorosa na conversa) e pensava que a vida não é afinal uma coisa absurda, porque dentro dela cabem palavras brandas, que acalantam as almas. E a voz continuava, murmúrio amigo, na longa noite mineira.
(Longe, homens matavam-se. Perto, outros homens atiravam-se palavras feias. O rádio funcionava. A vida funcionava. A voz perdia-se dentro da confusão, e era consoladora).
Tantas ruas reparando a nossa conversa. Bondes passando no meio, corpos se entrecruzando, homens tirando o chapéu. Os guardas. Funcionários e todas as repartições de todas as cidades. Detetives. Curiosos anônimos. Todos os homens que escutam atrás das portas, que veem através da porta. E a voz constante, alegre e tranquila, zombando de tudo, saltando de uma casa para outra e mantendo comigo o infinito, noturno diálogo.
Depois o silêncio.
Silêncio dentro e fora de nós, dissolvendo o mundo e suas criaturas sem sentido. Eu escutava esse silêncio casto. E dentro dele a voz ainda existia, mais tênue que um sopro, lembrança de voz, desenho, reflexo, sombra de voz, contando segredos. Que importa que os outros não ouçam? A voz é tênue, e os homens são surdos. Eu sozinho escutava, e tinha medo de que ela emigrasse para Passárgada, onde os ouvidos são sutilíssimos e as músicas mais especiosas andam no ar.
Mas nós estávamos em Minas Gerais, Brasil, país de caminhos fechados, país irremediável...
Carlos Drummond de Andrade

Sonetos do amante


Sonetos do amante

III

Tudo que tenho a dar quando te entregas
a mim – é muito pouco. Já não basta
que os gestos guardem tantas ânsias cegas
de amar, de ser. Pois a memória arrasta
o rio do passado, que não regas,
que não regaste, com a água da vasta
fonte com que me embriagas; e se negas
ser a que fica em mim quando se afasta
da carne e da poesia: hora em que tento
outros mundos criar no pensamento,
contigo, além do tempo e da distância.
Não basta dar-te o canto como preço
do corpo junto ao meu, se ainda não desço
ao abismo onde o amor devolve a infância.

VI
Pudesse oferecer-te o que não tenho
numa palavra há muito tempo presa
nas grades do silêncio. E, donde venho
buscar-te com a minha natureza
de deus e de animal, trouxesse o lenho
que avivaria a sede sempre acesa
de aplacar tantas sedes que retenho
de ser mais do que sou, dar-te a beleza
do efêmero perdido, do que tive
de infância e de ternura, do que vive
em mim de quem mais quer e que te quer
- talvez sentisses mais que a carne pobre
que me eleva e revela, mas me cobre,
e sentisse eu em ti mais que a mulher.

VIII
Eternizar o amor que fora eterno
embora só vivesse dois instantes:
um quando ao céu me alçou – a um céu sem antes;
depois, ao acender em mim o inferno.
Banida do presente, em lago terno
voltes a me banhar e desencantes
o mar que clama em vão, de ondas cortantes
partindo do meu ser, banhando o eterno.
Eternizar o amor de um só momento
e quanto mais perdê-lo mais ganhá-lo.
E quanto mais ganhá-lo mais alento
trazer no que recordo e no que falo,
para que possa, em febre e em sentimento,
em mármore e em saudade, eternizá-lo.

Afonso Félix de Souza

08/12/2009

Nossa cama


Nossa cama

************
Olho nossa cama. Palco vazio

sem o drama, sem a comédia,

do nosso amor.

A nossa cama branca,

branca página, em silêncio,

de onde tudo se apagou...


(Meu Deus! quem poderia ler aquelas ânsias, aqueles gemidos,

aqueles carinhos

que a mão do tempo raspou, como nos velhos

pergaminhos?...)


A nossa cama

imensa, como a tua ausência,

tão ampla, tão lisa, tão branca, tão simplesmente cama,

e era, entretanto, um mundo,

de anseios, de viagens, de prazer,

- oceano, que teve ondas e gritos encapelados,

nele nos debatemos tanta vez como náufragos

a nadar... e a morrer...


Olho a nossa cama, palco vazio,

em nosso quarto, - teatro fechado –

que não se reabrirá nunca mais...


Nossa cama, apenas cama, nada mais que cama

alva cama, em sua solidão

em seu alvor...


Nossa cama

- campa (sem inscrição)

do nosso amor.


( Poema de J. G. de Araujo Jorge,

do livro – Quatro Damas – 1965
Image: gettyimages.com)

07/12/2009

NO CORPO


NO CORPO
....................

De que vale tentar reconstruir com palavras
O que o verão levou

Entre nuvens e risos

Junto com o jornal velho pelos ares

O sonho na boca, o incêndio na cama,o apelo da noite

Agora são apenas esta

contração (este clarão)

do maxilar dentro do rosto.

A poesia é o presente.




Ferreira Gullar

06/12/2009

Tarde demais...

Tarde demais...

Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E para o som dos teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar...
.
Chegaste, enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar
E as pedras do caminho florescer!
.
Beijando a areia de oiro dos desertos
Procurara-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!
.
E há cem anos que eu era nova e linda!...
E a minha boca morta grita ainda:
Porque chegaste tarde, ó meu Amor?!...

Florbela Espanca,
Livro de Soror Saudade (1923)

05/12/2009

Diálogo


Diálogo

............

Debruçados sobre a vida

Indagamos seus mistérios

e raramente dançamos

suas respostas cifradas.

Ao calor do interrogar-se

Nuvens ocultas esgarçam-se

A luz em nós amanhece.

...

Helena Kolody

03/12/2009

A Pior Solidão "


"A Pior Solidão "
Pior do que a solidão pura e simples,
a solidão dos ascetas
ou dos insanos,
( a mansa solidão, torre de êxtase e prece
- ou a áspera solidão que aterra e que apavora,)
é esta povoada pelo fantasma de um amor
que havemos de carregar pelos anos afora...
(Poesia de J. G. de Araujo Jorge ,
- De mãos dadas- 2a edição 1966)

02/12/2009

Hai Kai


Tão longa a jornada!
E a gente cai, de repente
No abismo do nada.
.
Helena Kolody

01/12/2009

Mistério


Mistério

.............



Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,

Dizendo coisas que ninguém entende!

Da tua cantilena se desprende

Um sonho de magia e de pecados.


Dos teus pálidos dedos delicados

Uma alada canção palpita e ascende,

Frases que a nossa boca não aprende,

Murmúrios por caminhos desolados.


Pelo meu rosto branco, sempre frio,

Fazes passar o lúgubre arrepio

Das sensações estranhas, dolorosas...


Talvez um dia entenda o teu mistério...

Quando inerte, na paz do cemitério,

O meu corpo matar a fome às rosas!

***

Florbela Espanca

30/11/2009

Recém-chegada (New in Town, EUA, 2009)


Lucy Hill (Renée Zellweger) é uma executiva ambiciosa que vive num luxuoso apartamento em Miami. Ela aceita uma oferta de trabalho temporário em uma fábrica que passa por um processo de reestruturação, ao perceber que pode ser uma grande chance para uma carreira promissora e ser nomeada vice-presidente. Ao iniciar o trabalho, Lucy percebe que nada é da forma que lhe prometeram, acabando por envolver-se com sua secretária Blanche (Siobhan Fallon), os moradores locais e o chefe do sindicato, Ted (Harry Connick Jr.).

Minha nota: ****


29/11/2009

Cantiga


Nas ondas da praia

Nas ondas do mar

Quero ser feliz

Quero me afogar.

.
Nas ondas da praia

Quem vem me beijar?

Quero a estrela-d'alva

Rainha do mar.

.

Quero ser feliz

Nas ondas do mar

Quero esquecer tudo

Quero descansar.

***

Manuel Bandeira
Imagem: gettyimages.com

28/11/2009

Soneto XLVI


Das estrelas que admirei,
molhadas
por rios e rocios diferentes,
eu não escolhi senão
a que eu amava
e desde então durmo
com a noite.
Da onda, uma onda e outra

onda,
verde mar, verde frio, ramo
verde,
eu não escolhi senão
uma só onda:
a onda indivisível
de teu corpo.
Todas as gotas, todas as

raízes,
todos os fios da luz vieram,
vieram-me ver tarde ou cedo.
Eu quis para mim tua cabeleira.

E de todos os dons de minha
pátria
só escolhi teu coração
selvagem.
::::::::::::::::::

Pablo Neruda

27/11/2009

Realidade


Em ti o meu olhar fez-se alvorada
E a minha voz fez-se gorgeio de ninho...
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho...

Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada...
E a minha cabeleireira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho...

Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci...

Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei... se te perdi...
******
Florbela Espanca

Imagem: http://imagensdecoupage.blogspot.com/search/label/Flores%2002



26/11/2009

Murmúrio


Traze-me um pouco das sombras serenas

que as nuvens transportam por cima do dia!

Um pouco de sombra, apenas,

- vê que nem te peço alegria.


Traze-me um pouco da alvura dos luares

que a noite sustenta no teu coração!

A alvura, apenas, dos ares:

- vê que nem te peço ilusão.


Traze-me um pouco da tua lembrança,

aroma perdido, saudade da flor!

- Vê que nem te digo - esperança!

- Vê que nem sequer sonho - amor!
....

Cecília Meireles

25/11/2009

Mas há a vida


Mas há a vida

que é para ser

intensamente vivida,

há o amor.

Que tem que ser vivido

até a última gota.

Sem nenhum medo.

Não mata.


Clarice Lispector

24/11/2009

O QUIABO VESTE PRADA!!!



















































No Rio de Janeiro, uma rede de venda de legumes, verduras e frutas - HORTIFRUTI, há 2 anos inovou em suas propagandas, criando uma série baseada em títulos de filmes onde os atores principais são os próprios produtos da loja.Os cariocas ficavam na expectativa da próxima propaganda, que era sempre estampada em um outdoor no Centro do RJ...e o lançamento sempre às segundas-feiras.Era muito bom ir para o trabalho e ouvir o pessoal nos transportes comentando o "filme"!!!!Vejam a criatividade !!!






Gigi (EUA, 1958, 119 min)

O solteiro mais cobiçado de Paris, Gaston Lachaille (Louis Jordan) é rico, bonito, bem vestido e com vários criados ao seu dispor, mas vive entediado. Gigi (Leslie Caron) é uma jovem irrequieta, que recebe aulas de sua tia Alicia (Isabel Jeans) para se tornar uma dama da aristocracia. Eles são apenas amigos, até que Gaston começa a se sentir atraído por Gigi. Com Eva Garbor, Jacques Bergerac e Maurice Chevalier.
Este musical de 1958, dirigido por Vicent Minelli e baseado em um livro de Colette, ganhou 9 Oscars, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia - Colorida, Melhor Figurino (Cecil Beaton), Melhor Edição, Melhor Canção Original ("Gigi"), Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro Adaptado.
Com: Maurice Chevalier (Honore Lachaille), Hermione Gingold (Madame Alvarez),Eva Gabor (Liane d'Exelmans) e Jacques Bergerac (Sandomir).

Minha nota: ****

23/11/2009

A Vida


A Vida



A longa espera...

A chegada...

A partida...

Eis toda a minha primavera,

toda a felicidade sonhada,

toda a tristeza... A Vida!

Uma tarde (e como canta a saudade daquela

tarde fecunda, tarde solene de verão!),

nos céus distantes cada uma

das suas palavras de amor acordava uma estrela,

enquanto em minha alma, num voo de pluma,

criava a tortura de nova Ilusão...

Agora esta vida é uma noite sombria

de um vento soturno de desolação!

Para onde levaste as estrelas que estavam na noite brilhando?

Sem tuas palavras a noite está fria, minha alma está fria!

:::

Rodrigues de Abreu

22/11/2009

Poesia


Gastei uma hora pensando um verso

que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

e não quer sair.

Mas a poesia deste momento

inunda minha vida inteira.

:::

Carlos Drummond de Andrade

20/11/2009

Minority Report - A Nova Lei (EUA, 2002)

Em Washington, no ano de 2054, os assassinatos foram banidos, pois há a divisão pré-crime, um setor da polícia onde futuro é visualizado através de paranormais, os "precogs", e o culpado é punido antes do crime ter sido cometido. Quando os três "precogs", que só trabalham juntos e flutuam conectados em um tanque de fluido nutriente, têm uma visão, o nome da vítima aparece escrito em uma pequena esfera e em outra esfera está o nome do culpado. Também surgem imagens do crime e a hora exata em que acontecerá. Estas informações são fornecidas para um elite de policiais, que tentam descobrir onde será o assassinato, mas há um dilema: se alguém é preso antes de cometer o crime pode esta pessoa ser acusada de assassinato, pois o que motivou sua prisão nunca aconteceu? O líder da equipe de policiais é o detetive John Anderton (Tom Cruise), que perdeu o filho em virtude de um criminoso que o seqüestrou. O desaparecimento da criança o fez se viciar em drogas e ainda continua dependente, mas isto não o impede de ser o policial mais atuante na divisão pré-crime. Porém algo muda totalmente sua vida quando vê, através dos precogs, que matará um desconhecido em menos de trinta e seis horas. A confiança que Anderton tinha no sistema rapidamente se perde e ele segue uma pequena pista, que pode ser a chave da sua inocência: um estranho caso que não foi solucionado e há um "relatório menor", uma documentação de um dos raros eventos no qual o que um precog viu é diferente dos outros. Mas apurar isto não é uma tarefa fácil, pois a divisão pré-crime já descobriu que John Anderton cometerá um assassinato e todos os policiais que trabalhavam com ele tentam agora capturá-lo. Ficção científica dirigida por Steven Spielberg, baseada em um dos contos do escritor Philip K. Dick, o mesmo de Blade Runner.
Minha nota: ****

Renascer


Renascer

Quero viver, tranquilamente,
como as flores,
sem levar saudade das primaveras.
Quero somente
ter a felicidade
de alcançar o infinito
e, num mundo de cores,
renascer.

Quero viver como as nuvens,
refazendo minhas formas
no espaço,
levando esperança a todo canto.
Quero me abrigar desse cansaço,
morrer, vivendo,
sem nenhum espanto.

Quero viver como os rios,
que, livremente, se dão aos oceanos,
que se lançam, sem temor,
arrastando mágoas, desenganos,
quero levar por vilas e cidades
enchentes de amor.

Quero morrer como as manhãs,
sentido o despertar de cada sol,
quero a luz do dia penetrando em mim,
mostrar ao mundo inteiro,
fazer crer que morte não é o fim.
Quero ser manhã
para ser capaz de anoitecer.
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
(Ivone Boechat )

19/11/2009

"Definição"



"Definição"


A sós

para mim

e para ti também,

quer dizer:

eu e tu,

quer dizer: nós
Nós assim,

sem ninguém...

Quando eu e tu

nos encontramos,

eu só, tu só,

de repente passamos

a ser nós,

e como sozinhos já não ficamos,

ficamos a sós...
Eu e tu

a sós,

seja lá onde for,

quer dizer: nós

e nosso amor...



(Poema de J. G. de Araujo Jorge

- A SÓS... , 1958)
Imagem: gettyimages.com

18/11/2009

Tinha que ser você (Last Chance Harvey, 2009, 92min, cesura 14 anos)

Harvey Shine (Dustin Hoffman) é um compositor de jingles que está com o emprego em risco, pois seu chefe, Marvin (Richard Schiff), alertou-o de que terá apenas mais uma chance. Num fim de semana, Harvey viaja a Londres para assistir o casamento de sua filha Susan (Liane Balaban), mas precisa estar de volta a Nova York na segunda para uma reunião importante. Ao chegar, Harvey descobre que Susan escolheu Brian (James Brolin), o novo marido de sua mãe, para levá-la ao altar. Aborrecido, Harvey decide deixar o casamento antes da recepção e parte para o aeroporto, mas perde o vôo. Com isso ele é demitido por Marvin, o que o leva até um bar para afogar as mágoas. É lá que conhece Kate (Emma Thompson), uma quaentona que é funcionária do Departamento de Estatísticas Nacionais e que se interessa por ele. Roteiro e direção de Joel Hopkins.

Minha nota: ****



Maturidade


Caminho entre as minhas perdas

que são insetos escuros,

e os meus ganhos: douradas borboletas.

A luz de uma paixão, o dedo da morte,

o grave pincel da solidão

desenharam meus contornos,

firmaram

meu chão.

Que liberdade, não precisar pensar;

que alívio não ter que administrar

minha vida:

apenas andar, e olhar,

apenas ouvir essas vozes

que vêem de longe, passam por mim

e não me dão importância.

Porque no vasto oceano,

a minha eventual desarmonia

é só uma gota

desafinada.

Mais nada.


Lya Luft

16/11/2009

O pleno e o vazio


Oh se me lembro e quanto.
E se não me lembrasse?
Outra seria a minh'alma
bem diversa da minha face.

Oh como esqueço e quanto.
E se não esquecesse?
Seria homem-espanto,
perambulando sem cabeça.

Oh como me esqueço e lembro,
como lembro e esqueço
em correnteza iguais
e simultâneos enlaces.
Mas como posso, no fim,
recompor os meus disfarces?

Que caixa esquisita guarda
em mim sua névoa e cinza,
seu patrimônio de chamas,
enquanto a vida confere
seu limite, e cada hora
é uma hora devida
no balanço da memória
que chora e que ri, partida?

Carlos Drummond de Andrade
Corpo - Novos Poemas, 4ª ed, ps. 45/46

15/11/2009

"Canção de gueisha"


Diz uma anônima canção japonesa

Em sua simplicidade:

"Quando os vagalumes

querem se esconder para amar,

procuram a claridade de um raio de luar

..........................................

Eu... procuro o teu olhar...”



ARAÚJO JORGE, J. G. de. "A sós..." São Paulo: Theor S.A. 1958 (Grafado com “sh”, no original).

14/11/2009

ASSOMBRO


"De modo geral, o mundo perdeu o senso de assombro. Crescemos. Já não perdemos o fôlego diante de um arco-íris ou do perfume de uma rosa, como acontecia antes. Ficamos maiores e todo o resto ficou menor, menos impressionante. Tornamo-nos apáticos, sofisticados e cheios da sabedoria do mundo [...]

Ficamos tão preocupados conosco, com as palavras que falamos e com os planos e projetos que concebemos, que nos tornamos imunes à glória da criação. Mal notamos a nuvem que passa sobre a lua ou as gotas de orvalho nas folhas da roseira. O gelo cobrindo o lago vai e vem. As amoras silvestres madurecem e murcham. A graúna faz seu ninho do lado de fora da nossa janela e não a vemos (...) Estamos tão acostumados a comprar carne, aves e peixe preembalados no supermecado que nunca paramos para pensar sobre a liberalidade da criação de Deus. Tornamo-nos complacentes, vivendo vida prática. Perdemos a experiência do assombro, da reverência e da maravilha.

Nosso mundo é saturado com graça, e a presença furtiva de Deus é revelada não apenas no espírito mas na matéria - num gamo que atravessa aos saltos uma campina, no voo de uma águia, no fogo e na água, num arco-íris após uma tempestade, numa corsa gentil correndo pela floresta, na nona sinfonia de Beethoven, numa criança lambendo um sorvete de chocolate, no cabelo ao vento de uma mulher. Deus queria que descobríssemos sua presença amorosa no mundo ao nosso redor."


MAINNING, Brennan. O evangelho Maltrapilho. São Paulo: Mundo Cristão, 2005. p. 89 a 91

13/11/2009

Mal Secreto


Mal Secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora

N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,

Tudo o que punge, tudo o que devora

O coração, no rosto se estampasse;


Se se pudesse o espírito que chora

Ver através da máscara da face,

Quanta gente, talvez, que inveja agora

Nos causa, então piedade nos causasse!


Quanta gente que ri, talvez, consigo

Guarda um atroz, recôndito inimigo,

Como invisível chaga cancerosa!


Quanta gente que ri, talvez existe,

Cuja a ventura única consiste

Em parecer aos outros venturosa!

***

Raimundo Correia
Imagem: Sergio Fingermann (exposição: MON- Ctba)

Torta de chocolate e café


12/11/2009

Caminhos


"Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo,

que solidão errante até tua companhia!

Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.

Em taltal não amanhece ainda a primavera.

Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,

juntos desde a roupa às raízes,

juntos de outono, de água, de quadris,

até ser só tu, só eu juntos.

Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,

a desembocadura da água de Boroa,

pensar que separados por trens e nações

tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos

com todos confundidos, com homens e mulheres,

com a terra que implanta e educa cravos.”

::::

Pablo Neruda

11/11/2009

Soneto XXXI


Soneto XXXI


Longe de ti, se escuto, porventura,

Teu nome, que uma boca indiferente

Entre outros nomes de mulher murmura,

Sobe-me o pranto aos olhos, de repente...


Tal aquele, que, mísero, a tortura

Sofre de amargo exílio, e tristemente

A linguagem natal, maviosa e pura,

Ouve falada por estranha gente...


Porque teu nome é para mim o nome

De uma pátria distante e idolatrada,

Cuja saudade ardente me consome:


E ouvi-lo é ver a eterna primavera

E a eterna luz da terra abençoada,

Onde, entre flores, teu amor me espera.
.

Olavo Bilac

10/11/2009

O Jardineiro Fiel (The Constant Gardener - 2005)


Neste primeiro filme em língua inglesa do diretor brasileiro Fernando Meirelles (Cidade de Deus), Tessa (Rachel Weisz), uma ativista casada com o jovem diplomata britânico de segundo escalão, de promissora carreira, Justin Quayle (Ralph Fiennes) é encontrada assassinada em uma área remota do Quênia. O principal suspeito do crime é seu sócio, o médico negro Arnold Bluhm (Koundé), que encontra-se atualmente desaparecido. Perturbado pelas supostas infidelidades da esposa, Justin decide partir para descobrir o que realmente aconteceu com ela, iniciando uma viagem que o levará por três continentes e mergulhando-o no mundo e nas idéias de Tessa para, enfim, conhecê-la e resgatá-la. O roteiro de Jeffrey Caine é baseado em livro de John Le Carré.



Este excelente filme ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante (Rachel Weisz), além de ser indicado nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora e Melhor Edição. Também ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante (Rachel Weisz), além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Diretor. Ainda ganhou o BAFTA de Melhor Edição, além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Ralph Fiennes), Melhor Atriz (Rachel Weisz), Melhor Filme Britânico, Melhor Trilha Sonora, Melhor Fotografia, Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado.
Recebeu uma indicação ao Goya de Melhor Filme Europeu e ganhou o Grande Prêmio Cinema Brasil de Melhor Filme Estrangeiro.

Minha nota: ****

Site Oficial: www.theconstantgardener.com



"O Jardineiro Fiel é, assim, um filme que se sai admiravelmente bem em diversos campos: é tenso como um bom thriller deve ser; comove como um ótimo drama; e, o mais importante, provoca discussão em função das denúncias que faz e da realidade trágica que retrata. É impossível, depois de assistir a este filme, ignorar o desastre social de um continente cuja população miserável é submetida a todo tipo de abuso: fome, doenças, genocídios promovidos por milícias compostas por psicopatas e, ainda por cima, a exploração sistemática por parte de empresas do primeiro mundo – que ainda se dão ao luxo de racionalizar suas ações com a justificativa doentia de que, de uma forma ou de outra, aquelas pessoas 'morreriam de todo jeito'." (Paulo Villaça)
*

Vencedores do Oscar: Melhor filme


Vencedores do Oscar - de 1928 a 2008
ANO - MELHOR FILME DA ACADEMIA
1928 - Asas [Wings], William Wellman
1929 - Melodia da Broadway [Broadway Melody], Harry Beaumont
1930 - Sem Novidades no Front [All Quiet on the Western Front], Lewis Milestone
1931 - Cimarron [Cimarron], Wesley Ruggles
1932 - Grande Hotel [Grand Hotel], Edmund Goulding
1933 - Cavalgada [Cavalcade], Frank Lloyd
1934 - Aconteceu Naquela Noite [It Happened One Night], Frank Capra
1935 - O Grande Motim [Mutiny on the Bounty], Frank Lloyd
1936 - Ziegfeld, o Criador de Estrelas [The Great Ziegfeld], Robert Z. Leonard
1937 - Émile Zola [The Life of Emile Zola], William Dieterle1938 - Do Mundo Nada se Leva [You Can't Take It with You], Frank Capra
1939 - E o Vento Levou [Gone with the Wind], Victor Fleming
1940 - Rebeca, a Mulher Inesquecível [Rebecca], Alfred Hitchcock
1941 - Como era Verde o Meu Vale [How Green Was My Valley], John Ford
1942 - Rosa da Esperança [Mrs. Miniver], William Wyler
1943 - Casablanca [Casablanca], Michael Curtiz
1944 - O Bom Pastor [Going My Way], Leo McCarey
1945 - Farrapo Humano [The Lost Weekend], Billy Wilder
1946 - Os Melhores Anos de Nossas Vidas [The Best Years of Our Lives], William Wyler
1947 - A Luz é Para Todos [Gentlemen's Agreement], Elia Kazan
1948 - Hamlet [Hamlet], Laurence Olivier
1949 - A Grande Ilusão [All the King's Men], Robert Rossen
1950 - A Malvada [All About Eve], Joseph L. Mankiewicz
1951 - Sinfonia de Paris [An American in Paris], Vincente Minnelli
1952 - O Maior Espetáculo da Terra [Greatest Show on Earth], Cecil B. DeMille
1953 - A um Passo da Eternidade [From Here to Eternity], Fred Zinnemann
1954 - Sindicato de Ladrões [On The Waterfront], Elia Kazan
1955 - Marty [Marty], Delbert Mann
1956 - A Volta ao Mundo em 80 Dias [Around the World in 80 Days], Michael Anderson
1957 - A Ponte do Rio Kwai [The Bridge on the River Kwai], David Lean
1958 - Gigi [Gigi], Vincente Minnelli
1959 - Ben-Hur [Ben-Hur], William Wyler
1960 - Se Meu Apartamento Falasse [The Apartment], Billy Wilder
1961 - Amor, Sublime Amor [West Side Story], Jerome Robbins, Robert Wise
1962 - Lawrence da Arábia [Lawrence of Arabia], David Lean
1963 - As Aventuras de Tom Jones [Tom Jones], Tony Richardson
1964 - Minha Bela Dama [My Fair Lady], George Cukor
1965 - A Noviça Rebelde [The Sound of Music], Robert Wise
1966 - O Homem Que Não Vendeu Sua Alma [A Man for All Seasons], Fred Zinnemann
1967 - No Calor da Noite [In the Heat of the Night], Norman Jewison
1968 - Oliver! [Oliver!], Carol Reed
1969 - Perdidos na Noite [Midnight Cowboy], John Schlesinger
1970 - Patton, Rebelde ou Herói? [Patton], Franklin J. Schaffner
1971 - Operação França [The French Connection], William Friedkin
1972 - O Poderoso Chefão [The Godfather], Francis Ford Coppola
1973 - Golpe de Mestre [The Sting], George Roy Hill
1974 - O Poderoso Chefão - 2ª parte [The Godfather, Part II], Francis Ford Coppola
1975 - Um Estranho no Ninho [One Flew Over the Cuckoo's Nest], Milos Forman
1976 - Rocky, um Lutador [Rocky], John G. Avildsen
1977 - Noivo Neurótico, Noiva Nervosa [Annie Hall], Woody Allen
1978 - O Franco-atirador [The Deer Hunter], Michael Cimino
1979 - Kramer x Kramer [Kramer vs. Kramer], Robert Benton
1980 - Gente Como a Gente [Ordinary People], Robert Redford
1981 - Carruagens de Fogo [Chariots of Fire], Hugh Hudson
1982 - Gandhi [Gandhi], Richard Attenborough
1983 - Laços de Ternura [Terms of Endearment], James L. Brooks
1984 - Amadeus [Amadeus], Milos Forman
1985 - Entre Dois Amores [Out of Africa], Sydney Pollack
1986 - Platoon [Platoon], Oliver Stone
1987 - O Último Imperador [The Last Emperor], Bernardo Bertolucci
1988 - Rain Man [Rain Man], Barry Levinson
1989 - Conduzindo Miss Daisy [Driving Miss Daisy], Bruce Beresford
1990 - Dança Com Lobos [Dances With Wolves], Kevin Costner
1991 - O Silêncio dos Inocentes [The Silence of the Lambs], Jonathan Demme
1992 - Os Imperdoáveis [Unforgiven], Clint Eastwood
1993 - A Lista de Schindler [Schindler's List], Steven Spielberg
1994 - Forrest Gump, o Contador de Histórias [Forrest Gump], Robert Zemeckis
1995 - Coração Valente [Braveheart], Mel Gibson
1996 - O Paciente Inglês [The English Patient], Anthony Minghella
1997 - Titanic [Titanic], James Cameron
1998 - Shakespeare Apaixonado [Shakespeare in Love], John Madden
1999 - Beleza Americana [American Beauty], Sam Mendes
2000 - Gladiador [Gladiator], Ridley Scott
2001 - Uma Bela Lembrança [A Beautiful Mind], Ron Howard
2002 - Chicago [Chicago], Rob Marshall
2003 - O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei [The Lord of the Rings: The Return of the King], Peter Jackson
2004 - Menina de Ouro [Million Dollar Baby], Clint Eastwood
2005 - Crash - No Limite [Crash - Lions Gate], Paul Haggis
2006 - Os Infiltrados [The Departed], Martin Scorsese
2007 - Onde os Fracos Não Têm Vez [No Country For Old Men], dos irmãos Joel e Ethan Coen
2008 - Quem Quer Ser Um Milionario [Slumdog Millionaire], Danny Boyle