28/11/2009

Soneto XLVI


Das estrelas que admirei,
molhadas
por rios e rocios diferentes,
eu não escolhi senão
a que eu amava
e desde então durmo
com a noite.
Da onda, uma onda e outra

onda,
verde mar, verde frio, ramo
verde,
eu não escolhi senão
uma só onda:
a onda indivisível
de teu corpo.
Todas as gotas, todas as

raízes,
todos os fios da luz vieram,
vieram-me ver tarde ou cedo.
Eu quis para mim tua cabeleira.

E de todos os dons de minha
pátria
só escolhi teu coração
selvagem.
::::::::::::::::::

Pablo Neruda

Nenhum comentário: