14/11/2009

ASSOMBRO


"De modo geral, o mundo perdeu o senso de assombro. Crescemos. Já não perdemos o fôlego diante de um arco-íris ou do perfume de uma rosa, como acontecia antes. Ficamos maiores e todo o resto ficou menor, menos impressionante. Tornamo-nos apáticos, sofisticados e cheios da sabedoria do mundo [...]

Ficamos tão preocupados conosco, com as palavras que falamos e com os planos e projetos que concebemos, que nos tornamos imunes à glória da criação. Mal notamos a nuvem que passa sobre a lua ou as gotas de orvalho nas folhas da roseira. O gelo cobrindo o lago vai e vem. As amoras silvestres madurecem e murcham. A graúna faz seu ninho do lado de fora da nossa janela e não a vemos (...) Estamos tão acostumados a comprar carne, aves e peixe preembalados no supermecado que nunca paramos para pensar sobre a liberalidade da criação de Deus. Tornamo-nos complacentes, vivendo vida prática. Perdemos a experiência do assombro, da reverência e da maravilha.

Nosso mundo é saturado com graça, e a presença furtiva de Deus é revelada não apenas no espírito mas na matéria - num gamo que atravessa aos saltos uma campina, no voo de uma águia, no fogo e na água, num arco-íris após uma tempestade, numa corsa gentil correndo pela floresta, na nona sinfonia de Beethoven, numa criança lambendo um sorvete de chocolate, no cabelo ao vento de uma mulher. Deus queria que descobríssemos sua presença amorosa no mundo ao nosso redor."


MAINNING, Brennan. O evangelho Maltrapilho. São Paulo: Mundo Cristão, 2005. p. 89 a 91

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