" Sonetos do Amante II "
Eternizar o amor que fora eterno
embora só vivesse dois instantes:
um quando o céu me alcançou - a um céu sem antes;
depois, ao acender em mim o inferno;
banida do presente, em lago terno
voltes a me banhar e desencantes
o mar que clama em vão, de ondas cortantes
partindo do meu ser, banhado o eterno.
Eternizar o amor de um só momento
e quanto mais perde-lo, mais ganhá-lo.
e quanto mais ganhá-lo, mais alento
trazer no que recordo e no que falo,
para que possa, em febre e sem sentimento
em mármore e sem saudade, eternizá-lo.
***
Afonso Felix de Souza
Jaraguá, Goiás - 1925
"Os Mais Belos Sonetos que o Amor Inspirou"
J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. 1963
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