25/03/2010

Sonetos do Amante II

" Sonetos do Amante II "







Eternizar o amor que fora eterno



embora só vivesse dois instantes:



um quando o céu me alcançou - a um céu sem antes;



depois, ao acender em mim o inferno;



banida do presente, em lago terno



voltes a me banhar e desencantes



o mar que clama em vão, de ondas cortantes



partindo do meu ser, banhado o eterno.



Eternizar o amor de um só momento



e quanto mais perde-lo, mais ganhá-lo.



e quanto mais ganhá-lo, mais alento



trazer no que recordo e no que falo,



para que possa, em febre e sem sentimento



em mármore e sem saudade, eternizá-lo.
***
Afonso Felix de Souza
Jaraguá, Goiás - 1925




"Os Mais Belos Sonetos que o Amor Inspirou"



J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. 1963

Nenhum comentário: