05/03/2010

Nos bosques

Nos bosques, perdido, cortei um ramo escuro



E aos lábios, sedento, levante seu sussurro:



era talvez a voz da chuva chorando,



um sino quebrado ou um coração partido.



Algo que de tão longe me parecia



oculto gravemente, coberto pela terra,



um grito ensurdecido por imensos outonos,



pela entreaberta e úmida treva das folhas.



Porem ali, despertando dos sonhos do bosque,



o ramo de avelã cantou sob minha boca



E seu odor errante subiu para o meu entendimento



como se, repentinamente, estivessem me procurando as raízes



que abandonei, a terra perdida com minha infância,



e parei ferido pelo aroma errante.







Não o quero, amada.



Para que nada nos prenda



para que não nos una nada.



Nem a palavra que perfumou tua boca



nem o que não disseram as palavras.



Nem a festa de amor que não tivemos



nem teus soluços junto à janela...



Pablo Neruda

Nenhum comentário: