13/10/2009

Substituição



Se uma adorada voz, que fora em vossa vida,

suavidade e som, de repente se esvai,

e se logo um silêncio impenetrável cai,

qual súbito mal-estar ou dor desconhecida,


- que esperança há? Que auxílio? E que música ouvida,

o silêncio destrói? Nem da amizade o ai

– nem da razão sutil a conta; não se vai

ao som de violino ou de flauta gemida;



nem canções de poeta e nem de rouxinóis,

a voz que vai subindo através dos ciprestes

até à clara lua; e medo lhe não causa




das esferas, o canto – ou dos anjos, nos sóis,

a voz que sobe a Deus; ó não, nenhuma destas!

Fala só Tu, ó Cristo, e preenche esta pausa.

.
Elizabeth Barrett Browning

(Tradução de Alexandre Herculano de Carvalho)

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