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Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
.
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
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E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
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E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
...
Florbela Espanca
Um comentário:
Florbela é como o nome, coisas lindas e de muito bom gosto encontrei no seu blog. Voltarei de vez em quando e pescarei assuntos para o meu blog, citarei sempre a fonte. Grande abraço do Universo
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