16/10/2009

A MORTE

(Igreja Matriz de Extrema/MG - 16/10/1976)


" E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem no céu
de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
[...] A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,
se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaros(o)a, de mãos pensas."
.
Carlos Drummond de Andrade




A morte
é como o amor:
a coisa mais comum, mais repetida.

A morte
é como a dor,
é como a Vida

Sempre que chega é "nova",
imprevista, estranha,
desconhecida,


e entretanto está sempre conosco
e sempre nos acompanha,
desde o primeiro hausto
de vida.

Apesar de ser a coisa mais comum,
(prosaica, heróica, trágica, banal
ou bela)
nunca nos acostumamos a ela!
.
J. G. de Araújo Jorge,

do livro" Cantiga do Só ", 2ª edição, 1968.

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