25/10/2009

Fatalidade


Sonhei, amei, pela existência afora,

na dourada ilusão da primavera

e muito mais sonhara, se pudera

e mais amara, permitido fora.

.

Sonhei, amei, cantei, sabendo embora

que pelo mundo imenso da quimera

a treva do horizonte se apodera

e o perfume das flores se evapora.

.

Afinal, pelo abismo em que resvalo,

talvez o desengano foi meu prêmio

e quem fora capaz de desejá-lo?

.

No desengano imenso que me inquieta,

eu vou vivendo ao léu, como um boêmio

e vou sonhando sempre, como um poeta.

*****

Affonso Montenegro Louzada

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