10/10/2010

Recordar


Qual se fosse num túmulo encerrado,

para minha saudade é que hoje vivo.

Levo as mãos à cabeça, pensativo,

e recordo o esplendor do meu passado.

Será possível que um amor tão forte

tenha subitamente se extinguido?

O amor é mais potente do que a morte,

mas não pode escapar à lei do Olvido.

Largas horas de espera... Eternidades

que enchem de anseio as minhas soledades!

Sonhando e só com teu amor me tens.

Esperando que voltes, considero:

se nunca chegarás, por que te espero?

e se te espero assim, por que não vens?
**
Francisco Villaespesa (1877-1936)
Tradução de Osório Duque

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