01/10/2010

Adoração Suprema



Quando cerro os meus olhos, na minha grande noite

eternamente vejo a tua imagem,

tua doce figura

como uma silhueta de luz a recordas a sombra...

Se eu cerrasse os meus olhos neste instante a derradeira vez,

na última tarde da vida

e mandassem revelar depois minhas retinas,

veriam tua imagem refletida...

Por que eu hei de levar comigo essa imagem de luz

que ilumina a minha alma triste e enche o meu pensamento

quando cerro os meus olhos e medito...

Hei de levar-te dentro dos meus olhos tristes

quando a morte os vidrar,

e eles serão talvez para a tua imagem adorada e querida

o caixão de vidro da Branca de Neve morta, entre os anões da lenda,

que moram muito longe, muito alto,

num longínquo planalto,

num bosque encantado e feliz sobre uma rocha imensa de granito...

Hei de levar-te comigo, para que possas guiar meus passos

por entre as sombras que despencarão sobre as nossas cabeças

para além do infinito!
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 J.G. de Araujo Jorge

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