15/06/2010

# Soneto XVIII #

# Soneto XVIII #



Devo igualar-te a um dia de verão?

Mais afável e belo é o teu semblante:

O vento esfolha Maio inda em botão,

Dura o termo estival um breve instante.



Muitas vezes a luz do céu calcina,

Mas o áureo tom também perde a clareza:

De seu belo a beleza enfim declina,

Ao léu ou pelas leis da Natureza.



Só teu verão eterno não se acaba

Nem a posse de tua formosura;

De impor-te a sombra a Morte não se gaba



Pois que esta estrofe eterna ao Tempo dura.

Enquanto houver viventes nesta lida,

Há-de viver meu verso e te dar vida.



*William Shakespeare*

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