15/07/2011

45. Quarto poema da cega


Dizem que há veleiros no mar, e posso ouvir
o seu rastro de vozes quando o vento é forte.
Abro as mãos em flor, e jogo dentro deles
cada esperança antiga que me oprime,
cada sonho inútil que me embala.
Sigo seu roteiro claro e tranquilo,
deixando um bálsamo de fresca espuma
na chaga destas pálpebras inúteis
que me prendem, sem asas e sem horizonte,
a esta pedra de onde vai me libertar a morte.  

Lya Luft 

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