Tenho medo das águas do destino
a invadirem o que penso e faço,
numa linha de infinda
contradição.
Eu sou assim:
quero fugir mas chamo,
quero ficar mas me assusta
não ter em mim nada seguro
e certo.
Nunca receio a alegria,
para a qual todos os milagres
são normais.
Mas quando tarda quem amo,
meu coração fica exposto
e aberto.
E mesmo assim eu persisto,
e ainda assim espero
ainda, como criança sozinha
atrás do muro.
Lya Luft
31/05/2011
30/05/2011
24. Receita de Casa
Uma casa deve ter varandas
para sonhar, cantos para chorar,
quartos para os segredos
e a ambivalência.
Um amor precisa espaço de voar,
liberdade para querer ficar,
alegria, e algum desassossego
contra o tédio.
Não se esqueçam os danos a cobrir,
o medo de partir, e o dom de surpreender
- que é a sua essência.
Lya Luft
29/05/2011
23. Miragem
Eu no espelho: atentas, nós duas
nos observamos para além da imagem.
Estendemos a mão, tocamos esse pó de gelo,
sabendo:
se eu mergulhar daqui, e do seu lado, ela,
vão se fundir num sopro nossos rostos,
todos os meus sonhos e os anseios dela.
Mas nenhuma se atreve. Continuamos
sozinhas nesse mundo de reflexos,
eu e ela incompletas, nuas
e sós.
Lya Luft
28/05/2011
22. Óculos
As lentes que me deram ao nescer
são lúcidas como chuva
que tornasse tudo áspero
- não doce.
Engano pensar que a arte afaga:
ela me puxa pelos cabelos,
me lança no olho
da ventania.
Não durmo, não divago, não
tenho complacência:
cada palavra pesada,
cada entrelinha apurada
para que não escape
nada do que vejo
e sonho. Tudo muito grave,
tudo urgente.
(Mas sempre espero aquele beijo,
sempre espero aquele beijo.)
Lya Luft
são lúcidas como chuva
que tornasse tudo áspero
- não doce.
Engano pensar que a arte afaga:
ela me puxa pelos cabelos,
me lança no olho
da ventania.
Não durmo, não divago, não
tenho complacência:
cada palavra pesada,
cada entrelinha apurada
para que não escape
nada do que vejo
e sonho. Tudo muito grave,
tudo urgente.
(Mas sempre espero aquele beijo,
sempre espero aquele beijo.)
Lya Luft
27/05/2011
21. Reverberação
O destino trama os dias
e desfaz o sonho: demarca
meus contornos, partes
disso que sou e serei.
Quem sabe desejei demais:
milagres não me bastaram,
mas quando eu quis ser rainha
fui simplesmente humana.
A voz da vida insiste,
chama para o que salva
ou desatina:
nem sempre a entendi.
Palavras buscam sentido
para o que fiz, falhei,
conquistei e perdi
- ou que me abandonou
nalguma esquina.
(Talvez eu precisasse é dos silêncios.)
Lya Luft
26/05/2011
20, Auto-retrato
Alguém diz que sou bondosa:
está tão enganado que dá pena.
Alguém diz que sou severa,
Alguém diz que sou severa,
e acho graça.
Não sou áspera nem amena:
estou na vida como o jardineiro
se entrega em cada rosa:
corte, sangue, dor e aroma
para que a beleza fique na memória
quando a flor passa.
(Amar é lidar com os espinhos
de quem ama por inteiro:
com força, não com fraqueza.)
Lya Luft
25/05/2011
19. Legado
Foi meu pai quem plantou esse álamo
no meu jardim. Podou seus ramos,
e desde então seus dedos se multiplicaram,
sua voz se perpetuou em folhas
depois de cada inverno.
E quando o vento perpassa
os altos ramos do álamo generoso,
o tempo se dá por vencido,
a dor recolhe suas asas:
meu pai conversa comigo,
andando pela calçada
entre o meu coração e a sua morte.
Lya Luft
24/05/2011
18. Primeiro poema da cega
Sentaram-me sobre o mar neste rochedo inerte,
e ficarei aqui até que alguém me leve
(sempre para uma outra escuridão).
Respiro, escuto, sinto o mar, mas nunca
verei o embalo dessas ondas
nem a dança dos peixes e afogados.
Se não me buscam, certo que aqui durmo
respngada de espumas, golpeada de vento,
presa a este lugar impreciso e sem rosto,
sem nada perceber mais que o grito do mar
e meu próprio lamento.
Lya Luft
e ficarei aqui até que alguém me leve
(sempre para uma outra escuridão).
Respiro, escuto, sinto o mar, mas nunca
verei o embalo dessas ondas
nem a dança dos peixes e afogados.
Se não me buscam, certo que aqui durmo
respngada de espumas, golpeada de vento,
presa a este lugar impreciso e sem rosto,
sem nada perceber mais que o grito do mar
e meu próprio lamento.
Lya Luft
23/05/2011
17. Revelação
Quando chegaste,
redescobri em mim inocência e alegria.
Removi a máscara que sobrava:
nada havia a esconder de ti,
nem medo - a não ser partires.
Supérfluas as palavras,
dispensada a aparência, fiquei eu,
sem prumo,
como antes da primeira dúvida
e do último desencanto.
Quando chegaste,
escutei meu nome como num outro tempo.
O meu lado da sombra entregou
o que ninguém via:
as feridas sem cura e a esperança sem rumo.
Começa a crer, por mim, que o amor é possível,
e que a vida vale a pena e o pranto
de cada dia.
Lya Luft
redescobri em mim inocência e alegria.
Removi a máscara que sobrava:
nada havia a esconder de ti,
nem medo - a não ser partires.
Supérfluas as palavras,
dispensada a aparência, fiquei eu,
sem prumo,
como antes da primeira dúvida
e do último desencanto.
Quando chegaste,
escutei meu nome como num outro tempo.
O meu lado da sombra entregou
o que ninguém via:
as feridas sem cura e a esperança sem rumo.
Começa a crer, por mim, que o amor é possível,
e que a vida vale a pena e o pranto
de cada dia.
Lya Luft
22/05/2011
16. Viagem
Não é preciso morar na esquina
nem ser jovem ou belo:
o amor melhor é sempre dentro
e perto.
Chega inesperado,
vem forte vem doce, acalma
e desatina.
Se está na minha rua ou vem de fora,
ele ignora o tempo e a idade:
o amor é sempre
agora.
É vento sutil e mar sem beira:
o amor é destino de quem está aberto,
e dói sem remissão quando negado.
O melhor amor sacia a fome inteira:
mas tem que ser aceito,
tem de ser ousado, tem de ser
navegado.
Lya Luft
nem ser jovem ou belo:
o amor melhor é sempre dentro
e perto.
Chega inesperado,
vem forte vem doce, acalma
e desatina.
Se está na minha rua ou vem de fora,
ele ignora o tempo e a idade:
o amor é sempre
agora.
É vento sutil e mar sem beira:
o amor é destino de quem está aberto,
e dói sem remissão quando negado.
O melhor amor sacia a fome inteira:
mas tem que ser aceito,
tem de ser ousado, tem de ser
navegado.
Lya Luft
21/05/2011
15. Trapezista
A vida chega em silêncio:
desenovela reflexos,
interroga a esfinge
que responde ou nega
num espelho baço.
(A resposta nunca é clara
nem é pequena.)
Não é a mim que vejo:
é ao outro, num misto de incerteza
e esperança de que não seja
mais um rosto virado,
uma boca cerrada
- mais um desgosto
a cada passo.
Desejo, sonho e medo,
o amor é salto sem rede
entre a razão e a magia.
(E só assim vale a pena.)
Lya Luft
desenovela reflexos,
interroga a esfinge
que responde ou nega
num espelho baço.
(A resposta nunca é clara
nem é pequena.)
Não é a mim que vejo:
é ao outro, num misto de incerteza
e esperança de que não seja
mais um rosto virado,
uma boca cerrada
- mais um desgosto
a cada passo.
Desejo, sonho e medo,
o amor é salto sem rede
entre a razão e a magia.
(E só assim vale a pena.)
Lya Luft
20/05/2011
14. Quem sou
Do pai, a retidão e certa melancolia:
o olhar sobre o que vem atrás
do espelho. Da mãe,
a alegria. Da remota linhagem,
o novelo de fios que tramam
alma e imagem,
ninguém sabe quando e onde.
Mais os trabalhos e a dor, a fantasia,
a obstinada procura, alguma sorte,
muita esperança na bagagem.
(Dissabores fazem parte: maior
foi a celebração da vida.)
Entre o começo e a morte,
mar e miragem:
não há muito de mim
na personagem que contemplas.
(Há que buscar o que ela esconde.)
Lya Luft
o olhar sobre o que vem atrás
do espelho. Da mãe,
a alegria. Da remota linhagem,
o novelo de fios que tramam
alma e imagem,
ninguém sabe quando e onde.
Mais os trabalhos e a dor, a fantasia,
a obstinada procura, alguma sorte,
muita esperança na bagagem.
(Dissabores fazem parte: maior
foi a celebração da vida.)
Entre o começo e a morte,
mar e miragem:
não há muito de mim
na personagem que contemplas.
(Há que buscar o que ela esconde.)
Lya Luft
19/05/2011
13. Aviso
Se quiseres me amar,
terá que ser agora: depois
estarei cansada.
Minha vida foi feita de parceria com a morte:
pertenço um pouco a cada uma,
pra mim sobrou quase nada.
Ponho a máscara do dia, um rosto cômodo e simples,
e assim garanto a minha sobrevida.
Se me quiseres amar,
terá que ser hoje:
amanhã estarei mudada.
Lya Luft
terá que ser agora: depois
estarei cansada.
Minha vida foi feita de parceria com a morte:
pertenço um pouco a cada uma,
pra mim sobrou quase nada.
Ponho a máscara do dia, um rosto cômodo e simples,
e assim garanto a minha sobrevida.
Se me quiseres amar,
terá que ser hoje:
amanhã estarei mudada.
Lya Luft
18/05/2011
12. Rosto com dois perfis
Renuncio às palavras
e às explicações.
Ando pelos contornos,
onde todos os significados
são sutis, são mortais.
Não quero perder o momento
belo. Quero vivê-lo mais,
com a intensidade que exige a vida:
desgarramento e fulguração.
Então me corto ao meio e me solto
de mim:
a que se prende e a que voa,
a que vive e a que se inventa.
Duplo coração:
a que se contempla e a que nunca
se entende,
a que viaja sem saber se chega
- mas não desiste jamais.
Lya Luft
17/05/2011
11. Sobrevida
Quando foi bom o amor,
os mortos pedem
memórias doces
que não os pertubem,
e que a gente viva
sem muito desgosto:
mais nada.
Pedem silêncio
e que os deixemos
em paz.
Os mortos
precisam de mais espaço
do que em vida:
nesse seu novo posto
não devem olhar
para trás.
(Os mortos querem licença
para morrer mais.)
Lya Luft
16/05/2011
10. Ônus
A esperança me chama,
e eu salto a bordo
como se fosse a primeira viagem.
Se não conheço os mapas,
escolho o imprevisto:
qualquer sinal é um bom presságio.
Seja como for, eu vou,
pois quase sempre acredito:
ando de olhos fechados
feito criança brincando de cega.
Mais de uma vez saio ferida
ou quase afogada,
mas não desisto.
A dor eventual é o preço da vida:
passagem, seguro e pedágio.
Lya Luft
15/05/2011
9. Dança Lenta
Não somos nem bons nem maus:
somos tristes. Plantados entre chão
e estrelas, lutamos com sangue,
pedras e paus, sonho
e arte.
Nem vida nem morte:
somos lúcida vertigem,
glória e danação. Somos gente:
dura tarefa.
Com sorte, aqui e ali a ternura
faz parte.
Lya Luft
14/05/2011
8. O rio do tempo
O tempo não existe
nem dentro nem fora..
Esses peixes de opala
são nomes que nadam na memória:
são rostos, são risos, são prantos,
são as horas felizes.
O tempo não existe,
pois tudo continua aqui, e cresce
como se arredonda uma árvore
pesada de frutos que são peixes,
que são nomes de nomes, são rostos
com máscaras.
O tempo não existe. Sou apenas
o aqui e o presente, e o atrás disso,
como um rio que corre mas não passa
- pois ele é sempre, em mim, agora.
Lya Luft
nem dentro nem fora..
Esses peixes de opala
são nomes que nadam na memória:
são rostos, são risos, são prantos,
são as horas felizes.
O tempo não existe,
pois tudo continua aqui, e cresce
como se arredonda uma árvore
pesada de frutos que são peixes,
que são nomes de nomes, são rostos
com máscaras.
O tempo não existe. Sou apenas
o aqui e o presente, e o atrás disso,
como um rio que corre mas não passa
- pois ele é sempre, em mim, agora.
Lya Luft
13/05/2011
7. Infância
Névoa encostada na janela,
qualquer coisa roçando o telhado:
o medo me contornava
- talvez simplesmente o vento.
A escada de sombra, a aventura
dos degruas, na curva de madeira
os passo de quem não vinha
- ou de um coração atento.
Longas rosas de longa paciência,
os silêncios e os prantos:
alguém arranhando a parede
- ou eram apenas lembranças?
Algo sempre em moveimento:
a vida arrastando as pantufas
nos corredores do tempo
- fiquei esquecida num canto?
Lya Luft
qualquer coisa roçando o telhado:
o medo me contornava
- talvez simplesmente o vento.
A escada de sombra, a aventura
dos degruas, na curva de madeira
os passo de quem não vinha
- ou de um coração atento.
Longas rosas de longa paciência,
os silêncios e os prantos:
alguém arranhando a parede
- ou eram apenas lembranças?
Algo sempre em moveimento:
a vida arrastando as pantufas
nos corredores do tempo
- fiquei esquecida num canto?
Lya Luft
12/05/2011
6.Quando fecho a porta
Na parede atrás da minha mesa,
ombro a ombro,
a menina e seu pai, em dois retratos,
conversam sobre o que há no escuro
da noite, como entender o mundo,
e porque as montanhas eram tão azuis.
Quando apago a luz e fecho a porta,
eles riem baixinho desta que hoje sou:
ainda tão distraída e dessassogada,
cheia de encantamento, susto e assombro.
(E devem dizer, meneando as cabeças:
Parece que ela nuinca vai mudar.)
Lya Luft
ombro a ombro,
a menina e seu pai, em dois retratos,
conversam sobre o que há no escuro
da noite, como entender o mundo,
e porque as montanhas eram tão azuis.
Quando apago a luz e fecho a porta,
eles riem baixinho desta que hoje sou:
ainda tão distraída e dessassogada,
cheia de encantamento, susto e assombro.
(E devem dizer, meneando as cabeças:
Parece que ela nuinca vai mudar.)
Lya Luft
11/05/2011
5. Peixe azul
Ronda, peixe azul, no meu aquário:
gruda em minha boca de vidr a tua boca,
que do fio de teus regiros farei asas
ou barbatans que me levem junto.
Peixe azul, dormiremos no limo
que recobre o fundo dessas águas,
onde nos chama uma sereia
com riso de anjo e olhar de louca.
Somos todos escravos, peixe azul:
tu com escamas, eu com meus poemas.
O delíro é fácil e belo o cenário,
mas a ronda, peixe azul, também traz mágoas.
Lya Luft, in: Para não dizer adeus.
gruda em minha boca de vidr a tua boca,
que do fio de teus regiros farei asas
ou barbatans que me levem junto.
Peixe azul, dormiremos no limo
que recobre o fundo dessas águas,
onde nos chama uma sereia
com riso de anjo e olhar de louca.
Somos todos escravos, peixe azul:
tu com escamas, eu com meus poemas.
O delíro é fácil e belo o cenário,
mas a ronda, peixe azul, também traz mágoas.
Lya Luft, in: Para não dizer adeus.
10/05/2011
4. Todas as àguas
Quando pensei que estava tudo cumprido,
havia outra surpresa: mais uma curva
do rio, mais riso e mais pranto.
Quando calculei que tudo estava pago,
anunciaram-se novas dívidas e juros,
o amor e o desafio.
Quando achei que estava serena,
os caminhos se espalmaram
como dedos de espanto
em cortinas aflitas. E eu espio,
ainda que o olhar seja grande
e a fresta pequena.
Lya Luft
havia outra surpresa: mais uma curva
do rio, mais riso e mais pranto.
Quando calculei que tudo estava pago,
anunciaram-se novas dívidas e juros,
o amor e o desafio.
Quando achei que estava serena,
os caminhos se espalmaram
como dedos de espanto
em cortinas aflitas. E eu espio,
ainda que o olhar seja grande
e a fresta pequena.
Lya Luft
09/05/2011
3. Temporal
O tempo rasteja no telhado
depois de se fazerem filhos e dívidas,
e as dúvidas brotarem nas frestas
da porta.
O tempo trança bordados no rosto
e manchas na mão,
mas a gente não muda: ainda chove
no escuro e um pássaro começa a cantar,
um amigo morre antes dos quarenta anos,
e nossa mãe, com quase cem, nem está
nem se ausenta.
Como tudo o mais,
o tempo não tem explicação:
corrói e transfigura, expande
ou empobrece, conforme a escolha
de cada um.
(Eu, com medo e susto,
escolho a multiplicação.)
Lya Luft, in:
Para não dizer adeus.
08/05/2011
2. Perder, ganhar
Com as perdas, só há um jeito:
perdê-las.
Com os ganhos,
o proveito é saborear cada um
como uma fruta boa da estação.
A vida, como um pensamento,
corre à frente dos relógios.
O ritmo das águas indica o roteiro
e me oferece um papel:
abrir o coração como uma vela
ao vento, ou pagar sempre a conta
já vencida.
Lya Luft in: Para não dizer adeus.
perdê-las.
Com os ganhos,
o proveito é saborear cada um
como uma fruta boa da estação.
A vida, como um pensamento,
corre à frente dos relógios.
O ritmo das águas indica o roteiro
e me oferece um papel:
abrir o coração como uma vela
ao vento, ou pagar sempre a conta
já vencida.
Lya Luft in: Para não dizer adeus.
07/05/2011
Para não dizer adeus (1. Dizendo adeus)
Esta semana foi de emoções variadas, alegrias e tristezas, decepções. Mas valeu pelo belo presente que ganhei de uma amiga que é mais que uma irmã: um livro de poesias, e logo da Lya Luft. Deixo aqui uma concepção sobre poesia, e a seguir vou postar as belas poesias dessa sábia, madura e culta mulher, exemplo ímpar para muitas mulheres fúteis que encontramos pelo caminho, sem nada em suas cabecinhas ocas a não o desejo de "ter" e "aparentar ser" o que não são.
"... pois elas [as poesias], como o amor, são o sal da vida". Lya Luft
1. Dizendo Adeus
Estou sempre dando adeus:
também ao desencontro e ao
também ao desencontro e ao
desencanto.
Estou sempre me despedindo
do ponto de partida que me lança de si,
do porto de chegada que nunca é
aqui.
Estou sempre dizendo adeus:
até a Deus,
para o reencontrar em outra esquina
de adeuses.
Estarei sempre de partida,
até o momento de sermos deuses
quando me fizeres dar adeus à solidão
e à sombra.
Lya Luft,
in: Para não dizer adeus,
Rio de Janeiro: Ed. Record, 3.ed., p. 15.
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