01/05/2009

Madrigal


"Madrigal"

“Gosto de falar de amor, do nosso amor,
Retendo em minhas mãos as tuas mãos pequenas,
- quando a tarde no céu põe desmaios de cor
E há no espaço um rumor inaudível de penas...

Gosto de conversar com os teus olhos estranhos
No silêncio feliz de intermináveis idílios
- inebria-me a luz dos teus olhos castanhos
Através do “abat-jour” de seda dos teus cílios...

Gosto de te falar de amor, falar baixinho...
Tudo o que então te digo, a sós, nesses instantes,
E assim como o arrulhar amoroso de um ninho
Ou o rumor de uma fonte em lugares distantes...

Gosto de falar de amor, - sentir que aos poucos
Vamos ficando tontos, sem querer, os dois...
E te ouço a me dizer que não! Que somos loucos!
- e te entregas inteira em meus braços depois...

Gosto de te falar de amor, - pela expressão
De amor que há nos teus olhos quando assim te falo,
- por tudo o que teus gestos pródigos darão
Na embriaguez do segundo eterno em que me calo...

Gosto de te falar de amor, - nesta certeza
De que gostas também que te fale de amor...
- És a terra que vive! – e eu sou a correnteza
Que canta e que fecunda a terra e a enche de flor!”
Poema de J. G. de Araújo Jorge, do livro ”Eterno Motivo”.

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