22/05/2009

"Havia, porém, momentos de inefável poesia, que explodiam subitamente nos dias pálidos, tais como um raio de sol através do nevoeiro. Era um olhar, um gesto, uma palavra que nada significava... Descobriram o encanto das coisas. A primavera sorria com doçura maravilhosa. O céu deslumbrava; no ar, havia uma ternura que ele não conheciam... nem uma nuvem no céu...
Nada há de comum entre a vida e os seus sonhos...
Conheceu então pela primeira vez a terrível tristeza da ausência. Tormento intolerável para todos os corações amantes. O mundo é vazio, a vida é vazia, tudo é vazio. Não se pode mais respirar, vive-se numa angústia mortal. Sobretudo quando persistem em torno de nós os traços materiais da passagem da pessoa amada, quando os objetos que nos cercam a evocam constantemente, quando permanece no cenário familiar, onde se viveu juntos, quando teimamos em continuar revivendo nos mesmos lugares a felicidade desaparecida."
"Jean-Christophe", vol. I, de Romain Rolland.

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