25/05/2009

Terra das Sombras/Anatomia de uma Dor - C.S.Lewis

Terra das Sombras ( Shadowlands) é um filme britânico de 1993, dirigido por Richard Attenborough, sobre o teólogo, escritor e professor de literatura medieval na Universidade de Oxfor, que conhece e se apaixona pela escritora americana Joy Gresham, divorciada e com dois filhos, um deles é Douglas Gresham (Joseph Mazzello). Joy é uma escritora brilhante e de ineligência excepcional, uma mulher que atravessa o oceano para conhecer o homem que tanto admira. Estrelado por Anthony Hopkins e Derbra Wingers.



"Ao longe, ao luar,
No rio uma vela
Serena a passar,
Que é que me revela? Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.
Que angústia me enlaça?
Que amor não se explica?
É a vela que passa
Na noite que fica."
Fernando Pessoa, 5-08-1921

 
Neste relato tocante, o grande teólogo C. S. Lewis mostra seu lado sombrio e amargo, até então desconhecido dos leitores. Apesar de ter escrito anteriormente sobre o sofrimento, é neste livro pungente que suas emoções são colocadas à mostra. Com grande intensidade e sofrimento, o escritor revela seu sentimento de indignação após a perda de sua amada, a escritora Joy Gresham. Até descobrir algo...

"Deus certamente não estava fazendo uma experiência com minha fé nem com meu amor para provar sua qualidade. Ele já os conhecia muito bem. Eu é que não. Nesse julgamento, ele nos faz ocupar o banco dos réus, o banco das testemunhas e o assento do juiz de uma só vez. Ele sempre soube que meu templo era um castelo de cartas. A única forma de fazer-me compreender o fato foi colocá-lo abaixo. Recuperar-se tão cedo? Mas as palavras são ambíguas. Dizer que o paciente está se recuperando depois de uma operação de apendicite é uma coisa; depois de lhe amputarem a perna é outra bem diferente... ou o coto cicatriza ou o homem morre. Se cicatrizar, a dor atroz e contínua cessará. Dentro em pouco ele recobrará a força e será capaz de caminhar com uma perna de pau. Ele “se recuperou”; mas é provável que sinta dores recorrentes no coto por toda a vida e talvez padecimentos bem ruins; ele sempre será um perneta. Dificilmente haverá momento em que se esqueça disso. Tomar banho, vestir-se, sentar-se e levantar-se de novo, até mesmo deitar na cama, tudo será diferente. Seu tipo de vida mudará na totalidade. Todo tipo de prazeres e atividades um dia tão certos deverão ser simplesmente eliminados. Os deveres também. No momento, estou aprendendo a andar com muletas. Talvez em breve me seja dada uma perna de pau; mas jamais serei um bípede de novo.”[1] "




"Na morada de Deus não há pânico" (Ricardo Gondim Rodrigues)



Há um rio cujos canais alegram a cidade de Deus, o Santo Lugar onde habita o Altíssimo”. – Salmos 46.4

Acostumei-me em minha adolescência com o cenário cinzento das caatingas nordestinas. Na minha terra, o verde do sertão é sazonal. Na maior fatia de tempo, os galhos secos de árvores teimosas, parecem haver sobrevivido a um grande incêndio. O sertão enfeia-se por meses e meses e só se veste de verde quando chove. E chuva é coisa rara no agreste brasileiro. Deve ser essa a explicação por que uma gravura me atraía tanto. Era um quadro de moldura simples que ornamentava uma parede da casa de minha avó. Retratava os sempre viçosos prados alpinos. Eu me fascinava contemplando aquele cenário em que o azul intenso de um céu despido de nuvens, contrastava com o branco das neves e o verde da relva. Recordo-me que entre duas montanhas se aninhava um lago de águas absolutamente tranqüilas. Hoje quando penso em paz, não caço definições em livros filosóficos, basta retornar ao corredor humilde da casa de minha avó e a vejo pendurada por um prego. E todas as vezes que leio o Salmo 46, aquela gravura renasce em minha memória. Neste Salmo o autor cria um clima de enorme confusão, caos e angústia. O mar enfurecido espumeja, as montanhas se desmancham como farinha e os terremotos sacodem tudo. A vida pode se transformar velozmente em anarquia e tudo o que é sólido se desmanchar em nada. Mas há um rio de águas tranqüilas que não semeia turbulência, suas águas plácidas acalmam e inspiram paz. Esse rio brota do lugar onde habita Deus. Sua fonte está em um lugar onde não há pânico, o trono do Altíssimo. O salmista deseja que penduremos essa mensagem bem diante dos nossos olhos, principalmente quando nos falta chão e os redemoinhos nos sugarem para baixo. Não há pânico na casa de Deus, o Altíssimo não se abalou com as tempestades que assolaram a terra. Ao redor de Deus reina um clima de absoluta serenidade. Ele põe fim à guerra, despedaça os instrumentos de morte e destrói os escudos com fogo. Grande é o alívio, quando ele sugere aos espantados: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” – v. 10.
http://www.ricardogondim.com.br/


Minha nota para o filme: *****
Minha nota para o livro, muito sincero: *****
Minha nota para os textos do Gondim: *****


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