"Pousa em meu coração, como pousam as aves
nos ninhos... quero ouvir os teus gorjeios suaves.
Constrói-me ao teu prazer, com raminhos dispersos,
e aquecerei teu corpo ao calor de meus versos.
Deixa-me ouvir-te à noite, em languidez convulsa,
o peito que suspira e o coração que pulsa.
Permite-me escutar, nos clarões matutinos,
a musicalidade excelsa dos teus trinos...
Um doce aroma agreste a tarde azul trescala:
é o hálito da flor que, certamente, fala...
É hora de voltar ao ninho a passarada,
o dia vai fechando a pálpebra cansada...
a brisa do repouso em doce perpassar
sussura levemente um canto de ninar...
e os ramos, como em sonho, impulsionando os ninhos,
são braços maternais a embalar os filhinhos...
Pousa em meu coração, pois queimam como brasas
as penas que deixaste ao sacudir as asas,
quando, sem rumo certo, ao céu azul subiste,
deixando-me sozinha(o), abandonada(o) e triste!"
Gióia Junior (adaptações minhas)
rédito da imag em: http://www.gettyimages.com/
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