08/04/2010

" Sol... e Chuva... "

" Sol... e Chuva... "





Gosto desses dias molhados, de chuva miúda, de chuva fina

chuva boa,

de névoa, de garoa,

em que a gente não sente a obrigação de ser feliz,

e fica em si mesmo à-toa...



Basta a gente ficar onde esta, nada mais, é tudo que se quer,

vendo a chuva cair, a chuva caindo,

ficar sentado, acomodado, num lugar qualquer

ouvindo o rumor da chuva, ouvindo.

ouvindo.



Dias que não pedem nada, que não exigem nada, que não incomodam,

em que a gente fica em casa, sem necessidade

de companhia, de ter alguém,

basta essa sensação que agora é minha...

Oh, a paz, essa felicidade impessoal, perfeita

que consegue ser feliz sozinha...



( Como doem certos dias de sol, de tanta alegria!)

Dias exigentes que gritam por felicidade, que reclamam vida e emoção

e que encontram às vezes a gente tão só

no meio de tanta gente,

tão só e desprevenido

sem saber que fazer - meu Deus! - do coração!



Dias de sol que derrubam a gente,

que maltratam a gente, passam por cima,

da gente

sem piedade,

tontos, deslumbrados,

e se vão a cantar uma felicidade

por todos os lados,

uma felicidade de bola de cristal, inexistente,

sem ver que ficamos no chão, como indigentes

abandonados...



Ah! gosto desses dias assim, de olhos embaciados, cinzentos,

de chuvinha mansa, de chuvinha boa,

que não perturbam o coração

que descansam a vista;

que, no máximo, esperam que a gente se sinta bem,

e nos deixam em paz, sem nada, nem ninguém,

- só isto!



Nesses dias, humilde e só, um pouco egoísta

talvez,

- existo...





( Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro

"Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"

Vol. IV - 1a edição 1965 )

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