SAUDADE ESTÉRIL
A saudade comum, essa consiste
em nos rememorar cada momento,
um quer que seja, cujo afastamento
pungindo-nos o peito, o torna triste.
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Outra saudade, todavia, existe
que nos agita. Vem do firmamento
que nos clarões do luar, e o pensamento,
por mais firme e tenaz, lhe não resiste.
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É a saudade de ignotas primaveras,
é a saudade de quadros incriados,
é a saudade de coisas nunca tidas.
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É a saudade infecunda das esferas,
onde os astros rolaram, conglobados,
desde as fundas idades escondidas.
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Narciso da Costa Araújo(1877/1944)
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