10/07/2009

"ETERNO MOTIVO"



" Eterno Motivo "


Não me envergonho nunca de falar de amor !
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Terá vergonha a fonte em murmúrios de festa,
águas claras rolando dentro da floresta de embalar a flor?
Terá vergonha o pássaro inquieto, sozinho,
de um dia cantar mais, (como todos cantamos...)
- e tecer com gravetos de palha
o seu ninho na altura dos ramos?
Terá vergonha a terra de acordar cheirosa
e inteirinha vibrar ao despontar do dia,
oferecendo ao sol sua boca macia naquela rosa?
Terá vergonha o mar de acariciar a areia
e oferecer-lhe conchas ao invés de anéis?
E dizer-lhe canções, em que todo se enleia aos seus pés?
Terá vergonha a noite, que de astros se encheu,
ao pôr o seu vestido imensamente
azul para um baile de luz,
de ostentar o presente que o tempo lhe deu
o "pendentif" em cruz do Cruzeiro do Sul?
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Por que razão, portanto,
- Ele, o predestinado, que nasceu
para amar com grandeza e esplendor
e trouxe um coração de poeta enamorado
há de sentir pudor?
Eu, por mim, sou feliz, porque amo e sou amado!
Nem me envergonho nunca de falar de amor!



Poema de J. G. de Araujo Jorge.

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