" Chuva"
Há tanto tempo que não chove assim!
O dia veste um céu triste e cinzento,
e ouço a chuva a cair como um lamento
no seu rumor monótono... sem fim...
Que estranha sensação de isolamento!
-Nem uma voz ouço ao redor de mim,
escuto apenas lá por fora, o vento
a desfolhar as flores no jardim...
Ninguém ao meu redor... ninguém me fala...
- e me deixo a ficar num tédio imenso,
na tóxica penumbra desta sala...
Que inquietude vazia há dentro de mim!
-Não sei se existo... não sei bem se penso...
Há tanto tempo não chove assim!
J.G. de Araújo Jorge ("Bazar de Ritmos", 1ª edição, 1935)
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