Só – para além da janela,
nem uma nuvem, nem uma folha amarela
manchando o dia de ouro em pó...
Mas aqui dentro quanta bruma,
quanta folha caindo, uma por uma,
dentro da vida de quem vive só!
Só – palavra fingida,
palavra inútil, pois quem sente
saudade nunca está sozinho, e a gente
tem saudade de tudo nesta vida...De tudo!
De uma espera
por uma tarde azul de Primavera;
de um silêncio, da música de um pé
cantando pela escada;
de um véu erguido, de uma boca abandonada,
de um divã, de um adeus, de uma lágrima até!
No entanto, no momento,
tudo isso passa
na asa do vento,como um simples novelo de fumaça...
E é só depois de velho, uma tarde esquecida,
que a gente se surpreende a resmungar:
“Foi tudo o que vivi de toda a minha vida!”
E começa a chorar.
Guilherme de Almeida
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