Solidão
é de repente perceber
que todos viraram multidão
e em meio às lembranças, sem rosto, desfiguradas,
não conhecemos ninguém...
Solidão
é de repente compreender
que já não há mais tempo para nada,
e que temos que terminar, assim
como quem começa... do fim...
Solidão é imprevistamente estar órfão
junto dos pais,
desamparado e triste quando os amigos
riem a cantam,
e o amor, aquele amor de sonho e sol,
pesar nos braços
como um esquife . . .
Solidão
é de repente se olhar no espelho
sem se encontrar,
sem ver mais nada,
como quem se debruça a uma janela
emparedada...
J. G. de Araújo Jorge
"Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"
Vol. III - 1a edição 1965
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