12/02/2011

Chuva



Há tanto tempo que não chove assim!

O dia veste um céu triste e cinzento,
e ouço a chuva a cair como um lamento
no seu rumor monótono... sem fim...

Que estranha sensação de isolamento!
-Nem uma voz ouço ao redor de mim,
escuto apenas lá por fora, o vento
a desfolhar as flores no jardim...

Ninguém ao meu redor... ninguém me fala...
-e me deixo a ficar num tédio imenso,
na tóxica penumbra desta sala...

Que inquietude vazia há dentro de mim!
-Não sei se existo... não sei bem se penso...

Há tanto tempo não chove assim!

 J.G.  de Araújo Jorge
"Bazar de Ritmos" 1a edição, 1935.

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