05/02/2010

Dia de Chuva


Dia de chuva,

dia cinzento,

dia de névoa,

dia de vento...

.



Vento que venta,

chuva que chove,

névoa cinzenta

que me comove...

.

Cinza tão fria

que cobre tudo:

alma de um dia

tedioso e mudo.

.



O mar de espumas,

- prata brunida -

tal como em brumas

a minha vida.

.



O céu parece

que vem a mim,

e a chuva desce

mansa, sem fim.

.



Faz bem à alma

esta tristeza

e a doce calma

da natureza.

.



Turva aquarela

à nossa vista,

como uma tela

impressionista.

.



No chão das ruas,

pelos dois lados,

há poças nuas

de olhos pisados..

.



Dançam letreiros

bêbados, frios,

qual marinheiros

sem seus navios.

.



Frios letreiros

piscam nervosos,

quais sinaleiros

de inúteis gozos.

.

Noite de chuva,

noite de vento,

noite viúva,

- pranto e lamento.

.



Vento que venta,

chuva que chove,

névoa cinzenta

que me comove.

.



Chuva morfina

que, assim, tão calma,

tão mansa e fina

chove em minha alma.


***

J. G. de Araújo Jorge

Foto: Liz Guides

Nenhum comentário: