27/06/2011

38, Terceiro poema da cega

O mundo filtra-se pelos ouvidos
de quem não vê senão a própria noite:
meus olhos pegam sons com dedos falhos
mas nada tem substância aqui mais dentro.
Risos e palavras nesta sombra eterna
chegam e nada, giram, se entrechocam
em desenhos de luz que não entendo.

Estendo meu coração, ouvido inquieto,
em busca de algum som definitivo
que abra em claridade estes dois olhos secos,
e me lance desta pedra em voo a céu aberto.
Lya Luft

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