Sou a repetição de um velhíssimo  drama,
pantomima banal sem princípio e sem fim...
( há de sempre existir  na vida de quem ama
um pouco de Pierrot... e um pouco de Arlequim !  )
Como uma ave escondida a cantar numa rama,
trago um poeta que sonha  e faz versos por mim,
- a alma cheia de sol !... sigo no entanto  assim
como quem traz nos pés sempre um pouco de lama...
Meus olhos são  janelas que escancaro ao sonho !
E as mãos, - mesmo nas horas em que a sós  componho
São raízes nervosas de desejos vãos...
Existo, - nesse eterno  dualismo esquisito:.
- tendo os olhos abertos cheios de infinito!
- e  enraizadas na terra, e sujas, as minhas mãos !
( Poema de J. G. de Araujo Jorge - do livro
Eterno Motivo; -  Prêmio  Raul de Leoni,
da Academia Carioca de Letras - 1943 )

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