22/09/2010

" Soneto Anônimo "







Vem de longe este amor. Me nasceu um dia,

em que, no teu olhar, pousando o olhar tristonho

vi, entre o ouro do teu, que harmoniosa subia,

a estranha procissão das estrelas do Sonho.

Desde então foi assim, de porfia em porfia,

eu, buscando esconder num presságio risonho,

tudo quanto em tua alma em livro aberto eu lia,

tudo quanto em minha alma, ora morrer, suponho.

Mas em vão. Ele surge intempestivamente

ao clarão de teu nome, iluminando um poema

de uma página morta, em que o enredo se trunca.

E volta a florescer, em primavera ardente,

tão vivo, tão real, bradando em voz suprema,

que este é o amor imortal que não se esquece nunca!

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Amélia Tomas

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