03/09/2010

Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler

No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça

Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como deus: princípio e fim!…”

 



Florbela Espanca - Livro de Soror Saudade


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