27/01/2010

Soneto XCIV

(Porto Belo SC)
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Se morro sobrevive-me com tanta força pura
que despertes a fúria do pálido e do frio,
de Sul a Sul levanta teus olhos indeléveis,
de sol a sol que soe tua boca de guitarrra.
Não quero que vacilem teu riso nem teus passos,
não quero que pereça minha herança de alegria,
não me chames a meu peito, estou ausente.
Vive em minha ausência como em uma casa.
É casa tão grande a ausência
que passarás nela através dos muros
e pendurarás os quadros no ar.
É uma casa tão transparente a ausência
que eu sem vida te verei viver
e se sofres, meu amor, morrerei outra vez.
Pablo Neruda
 

Um comentário:

Leda Lucas disse...

Com este poema, voltei à casa do poeta em Isla Negra e revi o Pacífico oceano, naquela manhã de novembro de 2009.
O mar ao mar.
Leda