31/01/2010

Um tema... e duas variações


I

Tu te aninhaste com tua beleza

em meus braços,

como uma criança indefesa,

e te deixaste ficar...

E, eu te recolhi, como um ramo

recolhe o pássaro no ar...

II

Fizeste ninho em meus braços,

chegaste, como alguém

que precisa de outro alguém

para se amparar...

E eu fiquei sem saber, por momentos,

se devia te amar

ou te embalar...

***

J. G. de Araujo Jorge

30/01/2010

Dois

Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
... Sempre...
... A se olharem... Pensar talvez.
"Paralelos que se encontram no ininito..."
No entanto sós por enquanto.
Eternamente apenas dois.
Pablo Neruda

29/01/2010

Procura


Vou seguindo meu caminho

a procurar-me.

Estarei na estrela? Na vaga do mar?

Atrás da montanha? Na água que corre

estarei?


Na rua, no avião, no pássaro livre

no gesto do galho, na gota de chuva,

na rosa vermelha, no canto da criança

estarei?


Difícil é achar-me

disperso me encontro

na face das coisas

que chegam, que passam.


Um olho no rio, um pé no caminho,

o sangue na aurora, as mãos pelo mar,

quem sabe onde estou?


Talvez passe junto a mim mesmo,

quem sabe?

Me olho nos olhos, me toco nas mãos,

me falo e respondo,

não me reconheço.


Vou seguindo meu caminho

a procurar-me.

...

J. G. de Araújo Jorge

Livro: A Outra Face.

28/01/2010

Entre o ser e as coisas

Entre o ser e as coisas
Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse
quando amanhece frescor de coisa viva.
Às almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.
N´água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.
E nem os elementos encantados
sabem do amor que os punge e que é, pungindo,
uma fogueira a arder no dia findo.
***
Carlos Drummond de Andrade
Entre o ser e as coisas
1951 - CLARO ENIGMA

27/01/2010

Soneto XCIV

(Porto Belo SC)
.........................
Se morro sobrevive-me com tanta força pura
que despertes a fúria do pálido e do frio,
de Sul a Sul levanta teus olhos indeléveis,
de sol a sol que soe tua boca de guitarrra.
Não quero que vacilem teu riso nem teus passos,
não quero que pereça minha herança de alegria,
não me chames a meu peito, estou ausente.
Vive em minha ausência como em uma casa.
É casa tão grande a ausência
que passarás nela através dos muros
e pendurarás os quadros no ar.
É uma casa tão transparente a ausência
que eu sem vida te verei viver
e se sofres, meu amor, morrerei outra vez.
Pablo Neruda
 

26/01/2010

É preciso


É preciso não esquecer nada:

nem a torneira aberta nem o fogo aceso,

nem o sorriso para os infelizes

nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta

nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,

o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,

a ideia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,

vigiados pelos próprios olhos

severos conosco, pois o resto não nos pertence.


Cecília Meireles

25/01/2010

Janela Aberta

Chegaste em minha vida
como uma janela aberta
numa casa vazia e triste.
Trouxeste um dia de sol,
um aceno de folhagem,
um canto de pássaro.
Que importa se continuo a ser
a mesma casa triste
e vazia?
Debruçado à janela agora
posso te ver passar...
todo dias...
***
J. G. de Araújo Jorge

24/01/2010

À Noite

À Noite
***
É à noite,
quando me sinto mais só,
que meus pensamentos ganham forças ignoradas,
para imprimir-te em meus olhos,
e te imporem aos meus sentidos...
Em vão estendo os braços para buscar-te...
Me debato nesta ânsia crescente e fugaz,
como um nadador exausto, a agarrar-se
às miragens finais...
***
J. G. de Araújo Jorge

18/01/2010

Blade Runner (EUA, 1982, 118 minutos)

Num futuro distante (Século XXI), em que a humanidade inicia a colonização espacial e cria seres geneticamente alterados - replicantes - utilizados em tarefas pesadas, perigosas ou degradantes nas novas colônias, fabricados pela Tyrell Corporation como sendo "mais humanos que os humanos", os modelos Nexus-6 são fisicamente idênticos aos humanos, porém mais fortes e ágeis. Devido a problemas de instabilidade emocional e reduzida empatia, os replicantes são sujeitos a um comportamento agressivo, por isso seu período de vida é limitado a quatro anos.
Após um motim, a presença dos replicantes na
Terra é proibida, sendo criada uma força policial especial - blade runners — para os caçar e "aposentar" (matar). O filme relata como um ex-blade runner - Deckard - é levado a voltar à ativa para caçar um grupo de replicantes que se rebelou e veio para a Terra à procura do seu criador, para tentar aumentar o seu período de vida e escapar da morte que se aproxima.
Harrison Ford.... Deckard / narradorRutger Hauer.... Roy BattySean Young.... RachaelEdward James Olmos.... GaffM. Emmet Walsh.... capitão BryantDaryl Hannah… Pris
William Sanderson.... J.F. Sebastian
Brion James.... Leon
Joe Turkell.... Tyrell
Joanna Cassidy.... Zhora
James Hong.... Hannibal Crew
Morgan Paull.... Holden
Direção: Ridley Scott
Oscar 1983 (EUA)
Indicado nas categorias de
melhor direção de arte e melhores efeitos visuais.BAFTA 1983 (Reino Unido)
Venceu na categoria de melhor figurino, melhor direção de arte e melhor fotografia.
Indicado nas categorias de melhor montagem, melhor maquiagem, melhor trilha sonora, melhor som, melhor e melhores efeitos visuais.
Fantasporto 1983 (Portugal)
Indicado na categoria de melhor filme.
Globo de Ouro 1983 (EUA)
Indicado na categoria de melhor trilha sonora de cinema.
Prêmio Saturno 1983 (EUA)
Indicado nas categorias de melhor diretor, melhor filme de ficção científica, melhor ator coadjuvante (Rutger Hauer) e mehores efeitos visuais
.

10/01/2010

A Veracidade da Fé Cristã


William Lane Craig é doutor em Teologia pelas Universidades de Munique e em Filosofia. Foi professor de Filosofia da Religião na Trinity Evangelical Divinity Scohool (Estados Unidos) e no Institut Supérieur de Philosofie (Bélgica).
É considerado o maior apologista cristão da atualidade, dominando seus objetos de estudo, que variam da teologia e filosofia à cosmologia. Este é um livro que todo cristão deveria ler.
"Antes de fazer a defesa do cristianismo, temos de lidar com algumas questões fundamentais ligadas à natureza e à relação entre fé e razão. Como sabemos com exatidão que o cristianismo é verdadeiro? É simplesmente por um salto de fé ou pela autoridade da Palavra de Deus, duas coisas sem relação com a razão? Será que a experiência religiosa nos garante a veracidade da fé cristã, de modo que nenhuma outra explicação se faz necessária? Ou seria preciso uma base racional para a fé, sem a qual eesta seria injustificada e irracional?" (p.17)

09/01/2010

Fizeste ninho em meus braços,
chegaste, como alguém
que precisa de outro alguém
para se amparar...
E eu fiquei sem saber,
por momentos,
se devia te amar
ou te embalar...
Araújo Jorge (excertos)

06/01/2010

A Rede (The Net, 1995, 112 min)

O filme inicia com o Sr. Bergstrom, Secretário da Defesa, cometendo suicídio porque acaba de ser informado que está infectado pelo vírus da AIDS, indubitavelmente por causa de relações extra-conjugais ilícitas. Descobrimos, mais tarde, que esse exame médico era totalmente falso, tendo sido colocado em seu registro via computador.
Angela Bennett (Sandra Bullock) é uma programadora, especialista em corrigir sistemas de informática, que se vê repentinamente envolvida em uma trama pelo fato de ter recebido um disquete, de um executivo da Cathedral Computer Systems, que revela graves segredos do governo. Para destruí-la, um esquema é criado, com a finalidade de mudar seu nome, seu passado e sua identidade. Seu passaporte é destruído, crimes são atribuídos a ela, seu nome verdadeiro desaparece dos arquivos e ela tem que usar outro nome e viver outra vida. Uma experiência que nos mostra como é fácil apagar e alterar a vida de qualquer cidadão de bem, se assim for conveniente.
Minha nota: ****

04/01/2010

Gattaca (USA, 1997)


Num futuro não muito distante, no qual os seres humanos são criados geneticamente em laboratórios, as pessoas concebidas biologicamente são consideradas "inválidas". A sociedade de Gattaca está dividida em duas “classes sociais”, os Válidos, os “filhos da Ciência”, produtos da engenharia genética e da eugenia social, e os Inválidos, os “filhos de Deus”, submetidos ao acaso da Natureza e às impurezas genéticas.
Neste mundo, a manipulação genética criou novas espécies de castas, preconceitos e divisões sociais, legitimadas pela ciência. Vincent Freeman (Ethan Hawke), é um "inválido", o primogênito concebido por amor, enquan to que seu irmão Anton foi manipulado geneticamente. Vincent consegue um lugar de destaque em corporação, escondendo sua verdadeira origem e tomando o lugar de um "válido,Jerome (Jude Law), tentando cumprir seu sonho de ser astronauta e ir para a lua Titã. Mas um misterioso caso de assassinato pode expôr seu passado, pondo em risco sua paixão por Irene Cassini (Uma Thurmann).
Produção: Danny de Vito, Michael Shamberg e Stacey Sher, direção de Andrew Niccol .
Minha nota: ****

03/01/2010

“Põe-me como selo sobre teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte e duro como a sepultura o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes labaredas. As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios afogá-lo”. (Cantares 8: 6 e 7)