01/06/2014

A pálida luz da manhã de inverno


 
A pálida luz da manhã de inverno, 
O cais e a razão  
Não dão mais 'sperança, nem menos 'sperança sequer,  
Ao meu coração. 
O que tem que ser  
Será, quer eu queira que seja ou que não.  No rumor do cais, no bulício do rio  
Na rua a acordar  
Não há mais sossego, nem menos sossego sequer,  
Para o meu 'sperar.  
O que tem que não ser  
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.  

Fernando Pessoa
in: Poesias Inéditas.

Nenhum comentário: