Aberta ao mundo como um grande ouvido
- nada entre o buscado e o buscador -,
senta-se a criança no degrau de pedra
e olha.
Ela é inteiramente o que contempla:
não a flor, mas o espaço fora
das coisas.
Nessa liberdade
sua pequena mão contorna desenhos
que nem a minha lucidez
alcança.
Não quero indagar se faz sentido,
nem a chamo para o cotidiano:
nada que eu possa lhe mostrar
vale o seu olhar
de agora.
Lya Luft,
in: Para não dizer adeus, p.125.
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