Postei-me na beira do palco:
terminada a última cena
e a derradeira fala,
o gesto final concluído.
Dobro-me em dois para agradecer,
pois me aplaudem:
pareço uma criança pronta para entrar
numa cena nova.
Se eu erguer o rosto e abrir os olhos,
se pedir papel e caneta
ou meu computador,
poderei reescrever tudo ou parte
do que fiz.
E todos os palcos em todos os teatros
do mudo
terão nessa hora um espetáculo novo.
Pois cada sopro de voz aqui
e cada gesto que se desenha
reverberam por todos os quartos
que se expandem
e corredores que se desenrolam,
na renovação do sonho
e completude do círculo
- para sempre
do sempre
amém.
Lya Luft
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