Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo: 
te amo como se amam certas coisas obscuras,
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores, 
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo 
o apertado aroma que ascender da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira, 
senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha 
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Pablo Neruda

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