07/07/2010

Soneto XVII

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio

ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva

dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,

e graças a teu amor vive escuro em meu corpo

o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,

te amo directamente sem problemas nem orgulho:

assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és

tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha

tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda

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